quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Cores Negras


Sinto o peito apertado. A pressão diz algo que só eu sei. Toda dor tem um sentido de ser dor. É um aviso, o alerta de que há algo que não estamos nos dando conta, ou, simplesmente fingimos não ver.

Mas como não ver? E se não ver... como não sentir?

As vezes tenho vontade de fugir para algum lugar distante - distante de todos meus desejos, amores e temores - distante de minha vida e lembranças.

Pudesse eu explodir para ser livre.

Me desintegraria, doando, assim, o melhor de mim àqueles que fazem de mim o meu melhor.

Nostalgia dói quando não se aprendeu a lidar com a saudade.

Uma lágrima enche meus olhos deixando minha visão mais turva do que poderia ser. Enquanto escrevo estas linhas, meus ouvidos acompanham True colors, e me lembro de que não é só a música - a letra ou a intérprete - mas sim, um universo de conspirações que mostra a nossa mais pura essência.

"Se o mundo o deixar louco e você não souber o que fazer, me chame, pois você sabe que eu estarei lá"

Só peço que também se lembrem, que se eu não estiver, não fora por falta de vontade de estar.

Não sei se desejo permanecer sozinho, ou estar acompanhado. Nem mesmo sei se desejo estar.

As vezes imagino todas as pessoas de minha vida, passando como um raio de eletricidade. Imagino seus sorrisos - como é bom sentir seus risos, ouvir suas vozes - Fico imaginando o que fizeram enquanto eu estava ausente. O que eu perdi?! Sinto não poder compartilhar cada instante de suas vidas, suas respirações...

Um sofrimento que me faz querer desvanecer.

Ser o tempo... o ar... a terra, e o fogo.

Ser a essência de todas as coisas. Tornar-me pleno.
Ser a poesia e não somente o poema.

"Não, vocês não podem ler minha face"

Ah Poesia!

Faz-me vivo querendo sempre morrer para viver mais.
Faz-me morto quando ainda vivo...

Vontade de jamais escrever aqui.

Cada letra, cada palavra escrita, fazem lembrar que quando escrevo sou incompleto, sozinho, e distante.

Escrita bela, que me leva a crer que poético é escrever, e a poesia é essência, é viver.

E assim, a cada minuto, tenho mais certeza que vou em direção à lugar algum. Um rato sem saída, cujo mapa possui, mas não há olhos ver.

Talvez não importa o quanto eu escreva - fugindo de meu mundo, de meu personagem vago - jamais conseguirei esvaziar aquele ar preso sufocante. Deixar de sentir o peito esmagado, a boca seca, e a garganta entalada.

Minha alma continuará a tremer, e o que quer que aconteça comigo essa noite, não se preocupem. Mato-me para renascer, e renasço todos os dias.

Amanhã volto para vocês. Para minha vida de ensaios modestos.
Amanhã volto para mais um meio sorriso. Para meu olhar de censura, minha face de desinteresse, minhas palavras comedidas.

Hoje, apenas durmo para sonhar - e como já disse antes - Sonho, para poder viver.