segunda-feira, 28 de setembro de 2009

domingo, 27 de setembro de 2009

The Crazy Ones

Here’s to the crazy ones.

The misfits. The rebels.
The troublemakers.
The round pegs in the square holes.

The ones who see things differently.
They’re not fond of rules.
And they have no respect for the status quo.

You can praise them, disagree with them,
quote them, disbelieve them, glorify or vilify them.

About the only thing you can’t do is ignore them.
Because they change things.

They invent.
They imagine.
They heal.
They explore.
They create.
They inspire.

They push the human race forward.

Maybe they have to be crazy.

How else can you stare at an empty canvas and see a work of art?
Or sit in silence and hear a song that’s never been written?
Or gaze at a red planet and see a laboratory on wheels?

We make tools for these kinds of people.

While some see them as the crazy ones, we see genius.
Because the people who are crazy enough to think
they can change the world,
are the ones who do.

Think Different.


Por: Steve Jobs


Sumi


Sumi porque só faço besteira em sua presença, fico mudo quando deveria verbalizar, digo um absurdo atrás do outro quando melhor seria silenciar, faço brincadeiras de mau gosto e sofro antes, durante e depois de te encontrar. Sumi porque não há futuro e isso não é o mais difícil de lidar, pior é não ter presente e o passado ser mais fluido que o ar. Sumi porque não há o que se possa resgatar, meu sumiço é covarde mas atento, meio fajuto meio autêntico, sumi porque sumir é um jogo de paciência, ausentar-se é risco e sapiência, pareço desinteressado, mas sumi para estar para sempre do seu lado, a saudade fará mais por nós dois que nosso amor e sua desajeitada e irrefletida permanência.



sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Ciclos


Vivo perdido
No inconsciente
Sentido de existir

Vivo a escutar
As mesmas vozes
No instinto de matar

Morrendo no tempo
A cada passo que passo
Em dúvidas vívidas de mentir

Calo e me mordo
Nas noites infinitas
Procurando machucar

Morto, Calado,
Vivo, mas,
Ainda assim,
Vivo mais.



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Frase


"Algumas pessoas defendem que para se conquistar o conhecimento e se atingir reflexões mais profundas é necessário merecê-las, e por isso se perguntam que mérito há nos pensamentos e mensagens contidas nas artes mais explícitas. Eu já me pergunto diferente: Qual será o mérito em dificultar o acesso aos pensamentos do mais alto escalão nas artes da mais profunda subjetividade? Acredito que, o verdadeiro mérito está, na verdade, na arte de simplificar pensamentos complexos sem a perda de seus reais sentidos. E isso sim, é mais difícil que qualquer genialidade."



quarta-feira, 23 de setembro de 2009

UP - Altas Aventuras

O filme UP consegue fazer uma ponte entre o grande sonho e desejo de Carl Fredricksen com o que de fato representa a concretização dos sonhos em nossas vidas.

Está totalmente explícito em cerca de dez minutos iniciais do filme todos os sonhos que nós costumamos ter a respeito de nossos futuros. Entre eles a constituição de uma família, a harmonia e a paz que, de alguma forma, buscamos. Sonhos que nem sempre conseguimos concretizar da forma que gostaríamos.

Na animação, dirigida por Pete Docter (Monstros S.A.), Carl Fredricksen, ainda quando pequeno, sonhava em ser um dia como seu herói, Charles Muntz, um corajoso desbravador que explorava terras distantes a bordo de um gigante dirigível de luxo. O menino acidentalmente conhece Ellie, uma menina que tem a mesma admiração por Muntz, e, assim como Fredricksen, sonhava em um dia viajar até uma cachoeira perdida na América do Sul. Os dois crescem, casam-se e alimentam a esperança de terem filhos, compartilharem momentos maravilhosos e conheceram a tão sonhada cachoeira, chegando até mesmo a pintarem na parede da casa a imagem de uma casinha em cima de um morro com uma grande e bela queda d'água.

O tempo passa e Ellie não consegue engravidar. E o dinheiro que guardavam para realizarem seus sonhos acaba por toda a vida do casal, de alguma forma, escorrendo feito areia por entre as mãos. Um pouco, era gasto com reparos na casa, outro pouco com o carro e, outros tantos com bens materiais e emergências que iam surgindo. Quando se dão conta, ambos já estão idosos e não fizeram o que tanto sonhavam na juventude.

Um fator realmente relevante, já que nós mesmos passamos nossos dias pensando no futuro, o que queremos construir e encontrar nele quando nele chegarmos. Planos que, assim como o dinheiro de Carl e Ellie, guardado com propósitos, acabam por escorrer por entre nossos dedos. Desviados de seu verdadeiro sentido de existir: Viver.

Mas sempre há tempo para acordar, meter a cara pela janela e olhar adiante. Depois da morte de Ellie (que no filme representa explicitamente a vida e a motivação de vivê-la), Carl Fredricksen torna-se um velho rabugento que leva uma vida entediante e sem perspectiva alguma. Algo que ocorre somente até o dia em que passa a sentir-se pressionado pelas mudanças além de sua casa. Os altos prédios que se erguem ao redor de sua minúscula "casinha de bonecas" dos anos 60.

Ninguém fica parado no tempo e nem o tempo pára para que nós nos acostumemos às novas mudanças, nem sempre tão benéficas. Os altos prédios pressionando a vida de Carl nunca fizeram parte de seu sonho de juventude. São gigantescos intrusos que levam o velho vendedor de balões a tomar uma decisão radical. Mudar-se para a tão sonhada cachoeira na América do Sul, a bordo de sua casa voadora, erguida por balões de hélio.

Deve ser mais ou menos aquele ponto de virada que temos várias vezes em nossas vidas aonde, ao percebermos que nosso caminho está se desviando de nossas metas, surtamos enlouquecidos e fazemos loucuras em busca da tão sonhada felicidade. E como Carl, planejamos exatamente como sair de fininho, programamos cada passo a afim de que nada saia errado, pois já não temos mais tanto tempo a perder. É como abrir a porta e gritar "Eu vou e nada vai me impedir!"

E daí algumas pessoas vão reclamar se aparecerem os imprevistos, e por isso até mesmo as vezes partem sozinhas rumo às suas grandes aventuras. Porque quando se está sozinho a chances de imprevistos acontecerem são bem menores. Que engano! Qual terá sido a surpresa do velho Carl ao abrir a porta da varanda de sua casa voadora e se deparar com o pequeno escoteiro mirim Russel. Provavelmente nem um pouco planejado.

O que fazer? Cortar os balões e descer? Despachar o moleque, atrasando mais uma vez o grande sonho? Ou... Levá-lo na viagem e, de lá, quando se chegar na América do Sul, dar um jeitinho de mandar o garoto de volta pra casa?

Muitas vezes colocamos nossos planos à frente de tudo e de todos e nem nos damos conta do que isso pode causar lá na frente. Mas o bom da vida é que assim como em Up nada acontece por acaso, tudo demonstra fazer um sentido no final. basta termos olhos e sensibilidade para enxergarmos o sentido. Ter levado Russel na viagem não só fez brotar mais imprevistos na viagem como também meteu Car Fredricksen em confusões inesperadas.


Ao chegarem na América do Sul, por conta de um nevoeiro, Fredricksen aterrissa sua casa ambulante no lado contrário ao da cachoeira, o que o deixa irritado. Ele está preso através de uma mangueira de jardim à casa, que paira no ar como um dirigível maluco. Não pode soltá-la, se não a perde e não teria como voltar para sua vida (seu mundinho), a qual ainda é tão apegado. E, tão pouco, pode andar rápido o suficiente para atravessar a mata, a fim de chegar à cachoeira de seus sonhos.

Um tapa em nossas próprias caras, pessoas apegadas não somente aos bens materiais como também aos nossos costumes e rotinas. Sempre vislumbrando nossos objetos de desejos ao longe e correndo para alcançá-los, sendo que já carregamos muito mais do que podemos levar em nossa trilha de aventuras. Em nossas vidas.

O filme não poderia ser melhor. Russel encontra e faz amizade com um pássaro exótico que está sendo perseguido por um caçador determinado. O que faz com que Ele, o escoteiro mirim, e Fredricksen acabem por tornarem-se também alvos do tal caçador. Russel bate o pé para convencer o velho a ajudar a salvar o pássaro, chamado por ele de Kevin. Enquanto Fredricksen, rabugento, insiste em chegar até o topo da cachoeira, nem que morra tentando fazer isso.

Qual não é a surpresa do velho vendedor de balões quando depara-se com o caçador, seu herói da infância, Charles Muntz e seu dirigível de luxo. Que nos mostra que nem sempre nossos heróis são exatamente o que pensamos ser. Não somos nós que devemos querer ser como nossos desbravadores e heróis, mas nós mesmos que deveríamos ser os desbravadores e heróis das nossas próprias aventuras, sejam elas quais forem.

E sim, acredito que ainda vamos teimar, achar que estamos nos atrasando para nossos compromissos fúteis. Nossos sonhos feitos da mais perecível ilusão. Vamos bater o pé, dar as costas para o que realmente há de sólido e de concreto. Vamos marchar até nossa montanha com cachoeiras e realizar o tão sonhado sonho.

O que será que Carl Fredricksen sentiu ao alcançar sua meta? ... E sozinho.

Ele, a casa, todos os pertences e a mais bela das vistas. E Só.

UP não é um filme feito com a mais surpreendente das técnicas de animação, mas zela por todo um acabamento fino necessário, não para impressionar nossos olhos, mas para conquistar nossa alma. Não necessita de muito, mas sim de muito pouco para nos conquistar como espectadores.

Estamos sempre almejando a concretização de grandes sonhos que, por estarem de certa forma tão distantes, acabamos trabalhando duro e por muitos anos para conquistar. "Muitos anos" suficientes trabalhando para até mesmo se esquecer do porquê de nosso suor. E, vezes até, para alcançarmos nossas metas e nos sentirmos vazios por dentro.

UP faz uma reflexão simples, emotiva e bem humorada sobre aquilo que buscamos pra nós. Sobre os imprevistos que nos deparamos no caminho e o quanto realmente vale a pena buscar algo tão longe quando se tem de abrir mão da ética comum.

Carl viveu uma vida linda ao lado de Ellie enquanto perseguia um sonho romântico. Colocou todas sua energia naquela aventura. E agora estava lá, abrindo o livro "quase secreto" de Ellie, onde em uma parte se podia ler "coisas que que tenho que fazer". Por um momento o velho rabugento pensa que se virasse a página iria encontrar anotações de todas as coisas que não conseguira fazer sua esposa realizar enquanto viva, mas, depara-se com páginas de fotos contendo todos os melhores momentos do casal, e, com uma rápida mensagem rabiscada no fim. Algo do tipo "Essa aventura você já realizou, agora parta para as próximas".

E é assim que Carl Fredricksen joga todos os móveis e pertences de uma vida toda, para fora da casa, para que essa pudesse alçar voo novamente, depois de os balões de hélio não estarem tão cheios. Pois só com a leveza do necessário é se poderia prosseguir com a aventura.


Carl encontra e salva Russel, que caíra nas mãos de Muntz, ao tentar salvar Kevin, o pássaro exótico. E, antes de voltarem para casa, dão fim ao caçador, jogando-o na casa com balões que, naquele momento, despenca entre as nuvens, desaparecendo com toda e qualquer lembrança do passado.

Enquanto grandes nomes do cinema se matam para criarem grandes obras primas que exprimam um infinito de significados, UP nos deixa sua mensagem profunda e simplificada. A de que são os imprevistos que compõe uma aventura de verdade, mesmo que se planeje uma vida toda e os resultados sejam diferentes do programado, ainda assim, se terá vivido uma grande aventura.

Mais uma vez, o mérito é da Pixar, que prova que é possível fazer cinema comercial de grande qualidade e com excelente conteúdo. E sem se deixar levar pelas ilusões à beira do caminho da medíocre tentativa de se obter obras-primas.


Leia mais em: Jovem Nerd



terça-feira, 22 de setembro de 2009

Frase


"As obras-primas devem ter sido geradas por acaso; a produção voluntária não vai além da mediocridade"



segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Proteína de Soja Texturizada


"É como um humano que vive apenas de tofu. Você se sente forte, mas nunca fica completamente satisfeito"

Que linguagem é essa que usamos querido Poeta, que nos leva a cantar nossos temores embaixo de árvores digitais de sem pudores e vaidosos corações?

Acordados somos, e inteiramente talhados estamos ao expor nossos semi desejos carnais, completos pelo espírito ambíguo que possuímos.

Faces de donzelas ocultas e sóis mortos pelo tempo vamos deixando para trás, ainda que insistamos em carregar seus espectros por onde quer que andemos.

Que linguagem é essa amigo Poeta, que queremos encontrar em nós? Palavras engarrafadas sutilmente lançadas entre o Coma e a Rara aparição de nossas belezas.

Vidas frágeis fortalecidas pelo tempo. Forças contrabandeadas através do "Através" e do Baile de Máscaras que dançamos.

Serão os "Novos Passos" sem os que nos seguiam? Será, amigo ocultor? Que onde andamos encontramos os nutrientes que fazem crescer nossa linguagem?

Amarga e doce. Suave. Perspicaz. Alucinógena. Individual. Barata. E entre outras mil formas mais... Uma linguagem destinada ao incompleto.

Culpa das Palavras!

Que formas mais acharemos de nos expressar?... Enquanto vou escrevendo queria apenas lembrar do quanto sou inspirado pela tua contribuição de Poeta.

Nem mesmo em nossas maiores viagens conseguiria expor de forma única minha gratidão repentina. Alvo de julgamentos perigosos. Aqui vamos nós buscando novas formas de nos delatar:

Eu na sem-vergonhice deturpada, mal julgada
E Tu, nas palavras encantadas e mais "idens" mais.

Palavras que alimentam, mas não nos satisfazem.



Pose - Engenheiros do Hawaii

Vamos passear depois do tiroteio
Vamos dançar num cemitério de automóveis
Colher as flores que nascerem no asfalto
Vamos todo mundo... Tudo que se possa imaginar

Vamos duvidar de tudo que é certo
Vamos namorar à luz do pólo petroquímico
Voltar pra casa num navio fantasma
Vamos todo mundo... Ninguém pode faltar

Se faltar calor, a gente esquenta
Se ficar pequeno, a gente aumenta
Se não for possível, a gente tenta
Vamos ficar acima, velejar no mar de lama
Se faltar o vento, a gente inventa

Vamos remar contra a corrente
Desafinar do coro dos contentes

Laralara-lá...


Por: Humberto Gessinger


sábado, 19 de setembro de 2009

Doze Horas


O sol foi iluminar outra metade do mundo
Aquecer outras águas, bronzear outras peles
Fazer brotar as outras mudas de outras terras

A escuridão chegou e pude ver o sol morrer
Manchou de sangue vermelho-lilás o horizonte
Refletiu nas águas o maior de seus reflexos

Com sua partida finalmente percebi as coisas
São doze as horas do dia, e doze, as da noite
E do crepúsculo pude contemplar a lua nova

O sol partindo deixando-me as luzes da noite
O brilho da lua, as estrelas, e os vaga-lumes
Luzes fascinantes, se admiradas com magia

A noite manchou de azul marinho o universo
Pintando pequenos pontos luminosos no céu
Pontos que fascinam na ausência do sol morto

O sol foi pintar outros céus com multicores
Mas nosso reencontrar é um ciclo interminável
Hoje põe-se no horizonte, amanhã, nasce de novo

A cada dia diferentemente belo no mesmo nascer
A cada dia igualmente hipnotizante no seu morrer


O sol brilha do outro lado da terra
Na minha metade, a noite me fascina

São doze, as horas da noite
E doze, as horas do dia.




Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas.



sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Pacto Com a Felicidade


De hoje em diante todos os dias ao acordar, direi:

Eu hoje vou ser Feliz!

Vou lembrar de agradecer ao sol, pelo seu calor e luminosidade, sentirei que estou vivendo, respirando. Posso desfrutar de todos os recursos da natureza gratuitamente. Não preciso comprar o canto dos pássaros, nem o murmúrio das ondas do mar.


Lembrarei de sentir a beleza das árvores, das flores, e a suavidade da brisa da tarde. Vou sorrir mais, sempre que puder. Vou cultivar mais amizades e neutralizar as inimizades. Não vou julgar os atos dos meus semelhantes ou companheiros,vou aprimorar os meus.


Lembrarei de ligar para alguém para dizer que estou com saudades. Reservarei minutos de silêncio para ter a oportunidade de ouvir. Não vou lamentar nem amargar as injustiças, vou pensar no que posso fazer para diminuir seus efeitos.


Terei sempre em mente que um minuto passado, não volta mais, Vou viver todos os minutos proveitosamente, Não vou sofrer por antecipação prevendo futuros incertos, nem com atraso, lembrando de coisas sobre as quais não tenho mais ação.

Não vou pensar no que não tenho e que gostaria de ter, mas em como posso ser feliz com o que possuo, e o maior bem que possuo é a própria vida.

Vou lembrar de ler uma poesia e de ouvir uma canção, vou dedicá-las a alguém. Vou fazer alguma coisa para alguém sem esperar nada em troca, apenas pelo prazer de ver alguém sorrir. Vou lembrar que existe alguém que me quer bem, vou dedicar uns minutos de pensamento para os que já se foram, para que saibam que serão sempre uma doce lembrança, até que venhamos a nos encontrar outra vez.

Vou procurar dar um pouco de alegria para alguém, especialmente quando sentir que a tristeza e o desânimo querem se aproximar. E, quando a noite chegar, vou olhar para o céu, para as estrelas e para o luar e agradecer aos Anjos e a Deus, porque hoje eu fui feliz!



Por: Autor Desconhecido


terça-feira, 15 de setembro de 2009

A Maçã - Raul Seixas

Se esse amor ficar entre nós dois
Vai ser tão pobre amor, vai se gastar

Se eu te amo e tu me amas
E um amor a dois profana
O amor de todos os mortais
Porque quem gosta de maçã
Irá gostar de todas
Porque todas são iguais

Se eu te amo e tu me amas
E outro vem quando tu chamas
Como poderei te condenar
Infinita tua beleza
Como podes ficar presa
Que nem santa no altar

Quando eu te escolhi para morar junto de mim
Eu quis ser tua alma, ter seu corpo, tudo enfim
Mas compreendi que além de dois existem mais

O amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade
Sofro mas eu vou te libertar
O que é que eu quero se eu te privo
Do que eu mais venero
Que é a beleza de deitar


Por: Raul Seixas


sábado, 12 de setembro de 2009

Lua Nova


15. PRESSÃO

[...]

As ondas ficaram maiores enquanto eu andava, começando a quebrar nas rochas, mas ainda não havia vento. Sentei-me presa ao chão pela pressão da tempestade. Tudo girava ao meu redor, mas era perfeitamente tranquilo onde eu estava. O ar tinha uma suave carga elétrica - eu podia sentir a estática em meu cabelo.

Mais ao longe, as ondas estavam mais furiosas do que junto à praia. Eu podia vê-las quebrando na linha dos penhascos, espelhando pelo céu grandes nuvens brancas de espuma. Ainda não havia movimento no ar, embora as nuvens agora se agitassem com mais rapidez. Era uma visão sinistra - como se as nuvens se mexessem por vontade própria. Tremi, apesar de saber que era só um truque da pressão.

Os penhascos eram uma lâmina preta contra o céu claro. [...] Imaginei a total liberdade da queda... Imaginei como a voz de Edward ficaria em minha cabeça - furiosa, aveludada, perfeita... O ardor no peito incendiou-se em agonia.

Tinha de haver uma forma de extingui-lo. A dor ficava mais insuportável a cada segundo. Olhei os penhascos e as ondas que quebravam.

Bem, por que não? Por que não extinguir a dor agora mesmo?
[...]

Eu conhecia a rua que passava mais perto dos penhascos, mas tive que procurar o pequeno caminho que me levaria à pedra. Enquanto seguia, tentei encontrar desvios ou bifurcações, sabendo que Jake tinha planejado me levar à pedra mais baixa ao invés do topo, mas o caminho seguia numa linha reta e estreita até a beira, sem me deixar opções. não tive tempo para encontrar um jeito de descer - a tempestade se aproximava rapidamente. O vento, enfim, começava a me tocar, as nuvens passando mais próximas do chão. Assim que cheguei ao local onde a estrada de terra se abria num precipício de pedra, as primeiras gotas se irromperam e se espalharam em meu rosto. [...] Eu queria pilar do topo. essa era a imagem que se fixara em minha mente. Eu queria a longa queda que me daria a sensação de voar.

Sabia que aquela era a atitude mais idiota e mais imprudente que já tomara. Pensar nisso me fez sorrir. A dor já estava cedendo, como se meu corpo soubesse que a voz de Edward estava a apenas alguns segundos de mim...

O mar parecia muito distante, de certo modo mais distante do que antes, quando estava no caminho, entre as árvores. Fiz uma careta quando pensei na provável temperatura da água. Mas não ia deixar que isso me impedisse.

O vento agora soprava com mais força, chicoteando a chuva em redemoinhos ao meu redor.

Dei um passo para a beirada, sem tirar os olhos do espaço vazio à frebte. Os dedos de meus pés já tateavam às cegas, acariciando a beira da pedra quando a encontraram. Respirei fundo e prendi o ar... Esperando.

"Bella"

Eu sorri e soltei a respiração.

Sim? Não respondi em voz alta, por medo de que a voz dispersasse a bela ilusão. Ele perecia tão real, tão próximo. Só quando me reprovava desse jeito eu podia ouvir a verdadeira lembrança de sua voz - a textura aveludada e a entonação musical que compunha a mais perfeita das vozes.

"Não faça isso", pediu ele.
Você quis que eu fosse humana, lembrei a ele. Bem, assista.
"Por favor, por mim."
Mas você não vai ficar comigo de nenhuma outra maneira.
"Por favor." era só um sussurro na pancada de chuva que agitou meu cabelo e ensopou minhas roupas - deixando-me tão molhada que era como meu segundo salto do dia.

Fiquei na ponta dos pés.

"Não, Bella!" Ele agora estava com raiva, e isso era adorável.

Sorri e levantei os braços, como se fosse mergulhar, erguendo o rosto para a chuva. [...] Primeiro pé, primeira vez. Inclinei-me para a frente, agachando-me para tomar impulso.

E me atirei do penhasco.

Gritei ao cair pelo espaço aberto como um meteoro, mas foi um grito de alegria, não de medo. O vento impunha resistência, tentando em vão lutar contra a gravidade indomável, empurrando-me e me fazendo girar em espiral como um foguete atingindo a terra.

Sim! A palavra ecoou em minha cabeça enquanto eu cortava a superfície da água. era gelada, mais fria do que eu temia, e, no entanto, o frio só aumentou o meu prazer.

Estava orgulhosa de mim à medida que mergulhava mais fundo na água escura e congelante. Não senti nem um segundo de pavor, [...] onde estava o desafio?

Foi então que a correnteza me pegou.
[...]

Parecia que as ondas queriam lutar comigo, lançando-me de um lado para o outro como se estivessem decididas a me dividir, cortando-me pelo meio.
[...]

Eu nem sabia dizer para que lado estava a superfície.

A água furiosa era negra em todas as direções; não havia qualquer claridade que me orientasse para cima. A gravidade era onipotente quando competia com o ar, mas não significava nada nas ondas.
[...]

Lutei para manter presa a respiração, para manter meus lábios fechados em torno de minha última reserva de oxigênio.

Não me surpreendeu que minha ilusão de Edward estivesse ali. Ele me devia muito, considerando que eu estava morrendo. Fiquei surpresa por estar tão certa disso. Ia me afogar. estava me afogando.

"Continue nadando!", implorou Edward com urgência em minha cabeça.
Para onde? não havia nada a não ser a escuridão. não havia para onde nadar.
"Pare com isso!"Ordenou ele. "Não se atreva a desistir!"

O frio da água entorpecia meus braços e minhas pernas. Eu não sentia o açoite tanto quanto antes. Agora era mais uma vertigem, um giro desamparado na água.
[...]

"Lute!" gritou ele. "Que droga, Bella, continue lutando."
Por que?

Não queria mais lutar. E não era a vertigem, nem o frio, nem o fracasso doa braços à medida que os músculos desistiam de exaustão que me deixava contente por ficar onde estava. Eu estava quase feliz por aquilo ter acabado. Era uma morte mais fácil do que outras que enfrentei. estranhamente em paz.

Pensei por pouco tempo nos clichês, sobre como você devia ver sua vida passar diante de seus olhos. Eu tinha muito mais sorte. Quem afinal queria ver uma reprise?

Foi ele que eu vi, e não tive vontade de lutar. Era muito claro, muito mais definido do que qualquer lembrança. Meu subconsciente guardava Edward em detalhes impecáveis, poupando-o para este último momento. Pude ver seu rosto perfeito como se ele estivesse mesmo ali; o tom exato de sua pele gélida, o formato de seus lábios, a linha de seu queixo, o cintilar dourado de seus olhos furiosos.
[...]

"Não! Bella, não!"

Minhas orelhas foram inundadas da água gélida, mas a voz dele era mais clara do que nunca. Ignorei as palavras e me concentrei no som de sua voz. Por que eu lutaria se estava tão feliz ali? Mesmo enquanto meus pulmões ardiam, querendo mais ar, e minhas pernas doíam do frio gelado, eu estava contente. Tinha me esquecido de como era a verdadeira felicidade.

Felicidade. Isso tornava toda a história de morrer bastante suportável.

A correnteza venceu nesse momento, lançando-me repentinamente contra algo rígido, uma rocha invisível no escuro. Atingiu-me com força no peito, golpeando-me como uma barra de ferro, e o ar fugiu de meus pulmões, escapando numa nuvem espessa de bolhas prateadas. A água inundou minha garganta, sufocando e queimando. a barra de ferro pareceu me arrastar, puxando-me para longe de Edward, mais fundo nas sombras, para o fundo do mar.

Adeus, eu te amo, foi meu último pensamento.



sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Frase



"Menos pela cicatriz deixada, uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva"



quinta-feira, 10 de setembro de 2009

As Palavras Secretas de Adrian e Adan


Adrian vos convidam a ler suas palavras como Adan as leria: assassinando intencionalmente vosso português, com suas palavras graciosas, cheias de contextos mal explicados. Muitas até mesmo dissimuladas. Fantasiosas. Gírias comuns e incomuns.

Pensamentos preparados, disfarçados de leve coincidência pensada. Casos mal resolvidos?...Porque não!?

Não levem vossos pensamentos a tão distante percurso. Antes disso já vos eram bem difíceis as distinções de intenções de minha parte.

As palavras são como as águas. São criadas para seguirem o curso que o seu Deus as dá. Mas, infelizmente, são inocentemente desviadas pelas mãos do Homem. São maleáveis, levianas. Simpáticas ao que os ouvidos querem ouvir. Antipáticas à razão.

Adan convida Adrian à escutá-las em diante. Bastando escutar apenas uma, e as vossas percepções se alterarem drasticamente. Cuidado com as interpretações! ...Elas tem o poder de vos fazerem navegar em mares conhecidos e vos naufragar em oceanos distantes.

"Use o bom senso Adan, querido! ...Adrian não quer usá-lo!"

Leiam tudo atentamente, não percam-se no caos. E cuidem para que vossos olhos não enxerguem mais do que as palavras querem dizer. Uma ambiguidade traiçoeira sempre põe tudo a perder. Mas, cuide também para que vossos corações não escutem menos do que vos é dedicado.

Ainda é noite e sigo ardente de febre confessional. Um morto semi vivo que teme a má compreensão de seus fiéis.

Pois tratem de tirar caraminholas de vossas mentes perturbadas e façamos um tratado: Tudo que de mim não se transforme em flores, de mim será como se não houvesse sido.

"Adrian! Adan quer falar!"

Se, as lagartas, que cultivo como se de minhas entranhas fossem, transformarem-se em monstros ao final, não poderei negar a criação. Mas sim, morro a negar, ali, tal intenção.

E, pois que fique às claras, como as gemas o fazem. Não ousem pensarem em mim como um velho rei adepto ao tabuleiro. Não vos nego ser jogador. Mas tudo com o que jogo são as palavras!

Tenham crença na certeza que vos digo: estou aos farrapos em demasia para querer brincar de adestrador.

Adrian e Adan vos convidam a apreciar minhas convicções, mas não pisem, jamais, em um velho sofredor. Que antes morram na incompreensão, do que atirarem pedras proeminentes de vossas mãos.