quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Em um sonho qualquer...


As verdades que me cobrem são rosas.
São as mesmas que me alucinam.
Fazem viajar por um mundo de oásis,
de fantasias e loucuras.

A falta de sentidos me é mais prazerosa
que qualquer vil realidade comum.
É um mundo mágico de sonhos
onde me escondo com segurança.

Gostosuras e travessuras que apronto à todos.
Mentirinhas e sinceridades milagrosas
que planto sobre as mesas.

E que me chamem de louco
por viver nas maioneses dessa vida.
Pois me é preferível a falta de sanidade
do que servir ao pueril senso do comum.

A Realidade Vil.


Por: Robson Rogers

A Felicidade Exige Valentia


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado
algumas vezes, mas, não esqueço de que minha vida
é a maior empresa do mundo, e posso evitar
que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar
de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar
um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz
de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...


Por: Fernando Pessoa

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Quantas Vezes Eu assassinei o Amor?


O amor nunca morre de morte natural. Anaïs Nïn estava certa.

Morre porque o matamos ou o deixamos morrer.


Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença.


Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia.


Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados.


O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos.


Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.


O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida.


O fim do amor não será suicídio. O amor é sempre homicídio. A boca estará estranhamente carregada.


Repassei os olhos pelos meus namoros e casamentos. Permiti que o amor morresse. Eu o vi indo para o mar de noite e não socorri. Eu vi que ele poderia escorregar dos andares da memória e não apressei o corrimão. Não avisei o amor no primeiro sinal de fraqueza. No primeiro acidente. Aceitei que desmoronasse, não levantei as ruínas sobre o passado. Fui orgulhoso e não me arrependi. Meu orgulho não salvou ninguém. O orgulho não salva, o orgulho coleciona mortos.


No mínimo, merecia ser incriminado por omissão.


Mas talvez eu tenha matado meus amores. Seja um serial killer. Perigoso, silencioso, como todos os amantes, com aparência inofensiva de balconista. Fiz da dor uma alegria quando não restava alegria.


Mato; não confesso e repito os rituais. Escondo o corpo dela em meu próprio corpo. Durmo suando frio e disfarço que foi um pesadelo. Desfaço as pistas e suspeitas assim que termino o relacionamento. Queimo o que fui. E recomeço, com a certeza de que não houve testemunhas.

Mato porque não tolero o contraponto. A divergência. Mato porque ela conheceu meu lado escuro e estou envergonhado. Mato e mudo de personalidade, ao invés de conviver com minhas personalidades inacabadas e falhas.

Mato porque aguardava o elogio e recebia de volta a verdade.


O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever.


O amor é sempre assassinado.


Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela.



Por: Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

"Então É Natal, E o Que Você Fez?"

Como já diz na música, "Então é Natal" e é chagada a hora de tantas retrospectivas mentais, o ano está no fim e um novo renascerá dentro de poucos dias. E eu fico aqui me perguntando, "o que você fez"?

Conta aí como foi seu ano, o que você aprendeu, conheceu alguém?, se despediu de alguém?, correu muito?, c
omprou muitas coisas?, estudou demais?, trabalhou muito?, atingiu seus objetivos?, se frustou?, teve surpresas?, venceu barreiras?


Um Breve Resumo...

Um ano excepcional, de muitos tropeços, algumas quedas e grandes aprendizados. Assim eu poderia definir 2009. Cemeçando com um ano novo acampado na praia, seguido da minha formatura da fa
culdade - onde deixei para trás três anos maravilhosos com pessoas diversas (algumas que permanecerão no meu coração e lembrança para todo o sempre). - Em fevereiro um passeio inesquecível com o melhor amigo pelos cantos da grande São Paulo, onde nos divertimos muito, rimos e vimos muitas coisas. Não dá pra esquecer a viagem com o namorado para Arraial do Cabo e Búzios, no carnaval - "vistas e sensações" interessantíssimas no alto da colina, seguidas por um quase assalto com direito à perseguição policial. O ódio pelo risco corrido misturado com a adrenalina pura, pós sexo. Um dia inesquecível, sem dúvidas maravilhoso.

Depois vieram março, abril e maio. Três m
eses que despertaram a angústia dentro do meu corpo, a insegurança e a falta de sensatez. De um estudante universitário de cinema para um simples jovem desempregado, como tantos, dependentes de pai e mãe. Daí chegou a época das "vacas magras" e os atolamentos em dívidas. Cortes nas mordomias de um filho único muito mal acostumado. Depressão e sentimento de impotência e incapacidade de alguém que nunca precisou caminhar sozinho pelas próprias pernas. - As lições que demoram mas vem com o tempo, mais cedo ou mais tarde. Crianças mimadas amadurecem na marra.

E então Junho chegou trazendo meu aniversário. Ainda que alguns tivessem faltado, os bons velhos amigos de sempre compareceram. E nada me faz mais feliz que as verdadeiras amizades. Nada! Pois por mais que se saiba que um dia chegará a hora de cada um seguir rumos diferentes, sempre fica na lemb
rança aqueles dias de glória coletiva. Aí vem a surpresa: quando menos se espera, lá estão eles, os mesmos e de sempre, prontos para um abraço, para uma verdade na cara. Para me fortalecer no pior dos momentos. E eis que vem também o dia dos namorados, o ciso arrancado, a cara inchada e o juízo perdido. A recepção diferente e assustadora. O estranhamento junto com o distanciamento. O sentimento de baixa estima acumulada dos meses de março, abril e maio, misturado com a dor do "Eu Te Amo" não dito. O medo, a insegurança. A sensibilidade aflorada num momento em que nenhum dos dois estavam capacidados à compreensão.

Em julho o fim...
E no fim de julho, exato dia 31, o encontro com a compreensão. Uma nova amizade feita através de mensagens engarrafad
as, de dores compartilhadas e histórias parecidas. O florecer de minha poesia tão imatura onde, cada palavra escrita, era compreendida com a mais profunda e perfeita das compreensões. Incentivos sem fim que me levaram a recuperar o bom humor pouco a pouco e a relembrar que compartilhar sempre vale a pena, que frases de apoio e carinho sempre fazem florescer e multiplicar boas relações. E assim foi Agosto, um mês de sentimentos de perdas e frustrações sendo mandado embora por uma luz radiante chamada Yu.

Setembro foi o mês de focar no trabalho. A busca pela independência, a procura pela construção de um reconhecimento e merecimento que queriam ser conquistados pelos meus próprios punhos. E o Medo. O terrível medo de estar longe de todos. Trocando cada segundo do meu tempo por dólares que me
comprariam o que? Produtos Apple? Roupas de marca? Setembro foi o mês das decisões. De declarar guerra ao destino, mostrando que as cartas do baralho estavam erradas. Pois por mais que dissessem que minha viagem à trabalho em cruzeiros estava certa, bati meu pé e conheci o poder da decisão e livre arbítrio que cada um possui. Aprendi a enfrentar as consequências de meus atos de cabeça erguida. Só se acerta quando nos propômos a tentar, mesmo sabendo que o erro também pode fazer parte do processo. Fiquei e não me arrependo. Porque cada escolha consciente que faço me leva a um caminho com outras oportunidades. Setembro também foi o mês do reencontro. De mostrar aos outros as consequências físicas de uma "decisão corajosa". Foi o mês de perceber que aquela história de que "nada se perde, tudo se transforma" é real. Perceber que não tinha perdido um grande amor, mas sim, ganhado um grande amigo pelo qual tenho um eterno amor e imenso agradecimento.

A verdade é que nada é para sempre, exatamente porque o "Pra sempre" é muito tempo para ser para sempre o mesmo. Mas que por ser eterno, será o mesmo por várias vezes até o fim. Nada é definitivo, mas tudo pode ser recomeçado.

Depois chegaram outubro e novembro
. Meses de esquecer os números, esquecer de contar o tempo e perceber que ele não passa de uma grande alucinação coletiva. Novembro, o mês em que dei a cara à tapa e fui pegar no batente. Esquecendo a frustração de não conseguir ainda trabalhar com o que quero, mas ciente de que era necessário e justo começar de alguma forma. Ciente de que quando a pedra é muito pesada para chutar a gente tem que conquistar as ferramentas necessária para expulsá-la do caminho.

E então é dezembro. E tudo passou tão rá
pido, e... "bom, assim foi meu ano"! Mas, de repente, um tapa na cara de surpresas comparecem à minha residência, invadindo minha vida sem pedir licença, num súbito momento de surrealidade cinematográfica. Um boteco, três pessoas, um narguilé e dez minutos de silêncio e muita fumaça. Sushis, Sashimis e Cia. Muita chuva, um taxi, três mãos dadas e mensagens efusivamente impactantes.

E no final? Bem... No final, a gente descobre que o fim é outra das tantas alucinações coletivas que temos, pois, na verdade, o que vem são mais e mais inícios, novas descobertas, algumas redescobertas, muitos apredizados, alguns enigmas e "pontos de interrogação" a serem desvendados, problema
s novos, pessoas que chegam, que partem e algumas que voltam. É um eterno vai e vem num doce desespero de perde-se e maravilhosa sensação de, quem sabe, um dia reencontrar-se...

E não importa quanto o tempo finja passar na frente dos meus olhos, eu ainda vou odiar algumas coisas, e amar todas as outras, e são tantas...





Como diria um amigo especial:
"Eu odeio, mas amo vocês antes de tudo"


Um próspero ano novo em todos os novos anos de suas vidas.
Até daqui a pouco.



Agradecimento especial pras pessoas que participaram comentando e me ajudaram a dar vida a este espaço. Sem vocês o Plumbum perderia o sentido de existir!

Obrigado:
Érica, Yuri, Celso e Ayanne (Pequena Ya).


Sejam bem-vindos sempre:
Odir, Jean, Pedro, Luciano, Rafael e Daniel.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Que Vem a Ser o Amor?


Me diz o que vem a ser o amor
me abrace forte agora
me narre uma história sem dor
ao som da sua guitarra
me dizendo segredos de liquidificador.

Pois é chegada a hora
de dizer adeus e ir embora
com o único sabor que vigora
nos lábios do qual um dia roubara
o beijo de um Beija-flor.


Por: Ayanne Cristine

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pensamento



"Quero lhe implorar
Para que seja paciente
Com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar.
As perguntas são como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las.
E a questão é viver tudo.
Viva as perguntas agora.
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante."



Por: Rainer Maria Rilke

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Partes III


Somos feitos de números
Somos somente argumentos

Escravos do pensar
A serviço do existir

Somos máquinas
Em busca de motivos

Por vezes
Desbravadores do universo

Outras...
Esquecedores do espírito

Mais do que corpos e sentidos
Somos inteligência

Constatadores do existir
Esquecimentos e lembranças
Somos mentalsoma da ciência

Gênios ignorantes
Longe de sabermos o que de fato somos
Ciclos de consciência



Somos o Tempo!



Por: Robson Rogers

Pedaços


A vida me faz cair
Levantar...
Respirar

Me faz forte quando necessário
Ambulante quando forte demais

Dela sou apenas uma parte
Longe de ser inteiramente Ela

Somente um pedaço
Delicioso e agradecido

Grato pelas quedas...
Grato pela existência

E se dela sou um pouco,
Uma parte

Dela hei de me servir em pedaços
De sorrir e De chorar, De Amar...


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Risada ao Revés


Eu sou um triste palhaço
Artista da vida
Um triste palhaço é o que sou.
Maquiagem borrada
Uma alma esquecida e sem dor.

Eu sou um triste palhaço
Corpo sem vida
Criança de riso fácil é o que sou.
Identidade apagada
O triste palhaço do amor.

Eu vim para alegrar suas crianças
Eu vim para sentir o calor.
Eu vim relembrar a alegria
Que o maldito amor me roubou.

Escuro, triste, louco melancólico.
Fingido, maldito, palhaço otário.

Ninguém mais me aceita
Ninguém mais me quer.
E não há nada mais deprimente no mundo
Que um triste palhaço qualquer.


Por: Yuri Pospichil

sábado, 12 de dezembro de 2009

Tinta e Um Pouco de Amor


Pintava o rosto para afirmar sua real identidade.
Cobria a dor com sorrisos de deboche
E suas brincadeiras com verdades.

Dissimulava gestos corriqueiros.
Olhava a todos com verdadeira luxúria indelével.
E assim vestia-se de rebeldia para esconder o rebelde.

Se fazia cínico para falar de Deus.
Firme demais para ser ateu.
E fraco para não perder a bondade.

Despertava a dúvida por ser óbvio.
Corria para que parado ficasse.
E raza queria sua cova para poder voltar quando da morte cansasse.

Escrevia as mentiras mais belas.
E colocava sua alma a tal ponto
Que morreria por cada uma delas.

Se fazia ser quem era apenas com tinta e um pouco de amor.
Odiava espelhos por serem exatos.
E mais ainda o próprio corpo por sucumbir à dor.

E assim se manteve santo.
Sem posses e sem fardos.
Mas orgulhoso de cada um de seus pecados.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Ao Fim de Tudo - Cidadão Quem

Minhas lágrimas não caem mais
Eu já me transformei em pó
E os meus gritos não se escutam mais
Estão na direção do sol

Meu futuro não me assusta ou faz
Correr pra desprender o nó
Que me amarra a garganta e traz
O vazio de viver e só

Se alguém encontrou um sentido pra vida, chorou
Por aumentar a perda que se tem ao fim de tudo
Transformando o silêncio que até então é mudo

Naquela canção que parece encontrar a razão
Mas que ao final se cala frente ao tempo que não para
Frente a nossa lucidez...