sábado, 12 de dezembro de 2009

Tinta e Um Pouco de Amor


Pintava o rosto para afirmar sua real identidade.
Cobria a dor com sorrisos de deboche
E suas brincadeiras com verdades.

Dissimulava gestos corriqueiros.
Olhava a todos com verdadeira luxúria indelével.
E assim vestia-se de rebeldia para esconder o rebelde.

Se fazia cínico para falar de Deus.
Firme demais para ser ateu.
E fraco para não perder a bondade.

Despertava a dúvida por ser óbvio.
Corria para que parado ficasse.
E raza queria sua cova para poder voltar quando da morte cansasse.

Escrevia as mentiras mais belas.
E colocava sua alma a tal ponto
Que morreria por cada uma delas.

Se fazia ser quem era apenas com tinta e um pouco de amor.
Odiava espelhos por serem exatos.
E mais ainda o próprio corpo por sucumbir à dor.

E assim se manteve santo.
Sem posses e sem fardos.
Mas orgulhoso de cada um de seus pecados.


3 comentários:

  1. Os Poemas do yuri tem uma facilidade gigantesca de me encantarem. Quando penso que ele está prestes a parar, ele vem, com seu tom misturado de melancolia e sarcasmo, e conquista minha alma através de meus olhos.

    Obrigado Yuri. Parabéns.

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  2. Quem deve agradecer aqui sou eu!! =D

    Nesse mundo das letras as vezes temos a falsa idéia de que escrevemos para nós mesmos, mas no fundo só pessoas muito amargas e egoístas não dividem suas linhas. Amamos a beleza, seja no sorriso seja numa lágrima, mas é sempre a beleza que importa, e ela foi feita para ser compartilhada!

    Grande abraço Robson!!

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