Ao longo dos últimos dias muito tenho pensado sobre isso. Fui recusado numa entrevista de emprego salvadora, assim como comecei a namorar, reescrever um livro inacabado e mesmo romper cordões umbilicais decisivos em diversos campos da minha vida, seja ela espiritual ou profana. E sempre que a Torre desmorona, encontramos diamantes em meio ao carvão. Assim eu pergunto novamente, o que se encontra ao fim do caminho? Um céu, um pote de ouro, as moedas douradas deitadas sobre os olhos de um morto, o frio do Hades ou um letreiro no melhor estilo de Banco Imobiliário dizendo ‘Volte e tente outra vez’?
Como qualquer homem, tenho professores e irmãos – e mesmo que os irmãos sejam mais brandos que os professores, ambos são importantes para meu aprendizado, e posteriores pegadas na estrada. Eu os amo da mesma forma que os odeio, pois me amaldiçoam da mesma forma que posso ser abençoado por eles. Um deles é o Tempo. Não sei se professor ou irmão, talvez ambos. Mas o tempo tem me mostrado muitas coisas.
Uma delas, é que tudo sempre terá mais de um nome. O que para uns é sabedoria, para outros é egoísmo; o que para uns é felicidade, para outros é martírio. Assim como uma mesma noite pode ser quente para alguns e fria para outros, mesmo que a lua seja uma só. E é por isso que o tempo me ensina a aceitar e não discutir – assumindo que isso não é passividade, mas respeito. Pois o Tempo é um senhor velho, e nada melhor que um homem idoso para nos ensinar sobre o respeito. Respeito, esse, que quando não de covardia, é chamado de ignorância pelos que não aprenderam nossas lições. Nossas lições, pois a vida tem muitas lições, e uma só vida não é suficiente para aprender todas elas.
E eu me baseio por essas – as que meus irmãos e professores tem me ensinado. Entre eles, o Tempo. Mesmo que transforme isso tudo em pó. Ainda pó, pior se não fosse sequer um cristal um dia.
“Mesmo que um clima de “novo tempo” pairasse sobre aquela Roma, algumas pessoas ainda se preocupavam com as tradições, e isso fizera com que um choque de pensamento acompanhasse aquela geração. Os novos tempos eram evidentes, o que variava era a maneira de como aqueles homens e mulheres lidavam com isso. Mesmo que os cristãos – e os pensamentos que os acompanhavam – fossem reprimidos e a chama dos deuses Antigos reacendida, o espírito de um Sol nascente depois de uma noite fria já estava enraizado naquele momento. E isso fazia com que, justamente, alguns desses mesmos homens e mulheres quisessem aplaudir os novos dias, enquanto outros, apenas lamentar a noite que se deitava.”
(Sob o Sol já Deitado, Capítulo XI).