sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sobre Velhos


O tempo destrói tudo aquilo que cria, e por isso meus irmãos na Arte bem sabem porque Saturno devorava seus filhos, até que nascesse a bendita Vênus. Mas isso seria motivo para que pudesse o ser humano viver como um eremita, sem deixar frutos ou lembranças? Simplesmente pelo fato de que essas mesmas lembranças um dia se reduzirão a pó, assim como a névoa de um incenso ao fim? É natural e evidente a necessidade do homem de deixar suas pegadas pelas estradas que caminhou. Mas o que se encontra ao fim de isso tudo, além do pó?

Ao longo dos últimos dias muito tenho pensado sobre isso. Fui recusado numa entrevista de emprego salvadora, assim como comecei a namorar, reescrever um livro inacabado e mesmo romper cordões umbilicais decisivos em diversos campos da minha vida, seja ela espiritual ou profana. E sempre que a Torre desmorona, encontramos diamantes em meio ao carvão. Assim eu pergunto novamente, o que se encontra ao fim do caminho? Um céu, um pote de ouro, as moedas douradas deitadas sobre os olhos de um morto, o frio do Hades ou um letreiro no melhor estilo de Banco Imobiliário dizendo ‘Volte e tente outra vez’?

Como qualquer homem, tenho professores e irmãos – e mesmo que os irmãos sejam mais brandos que os professores, ambos são importantes para meu aprendizado, e posteriores pegadas na estrada. Eu os amo da mesma forma que os odeio, pois me amaldiçoam da mesma forma que posso ser abençoado por eles. Um deles é o Tempo. Não sei se professor ou irmão, talvez ambos. Mas o tempo tem me mostrado muitas coisas.

Uma delas, é que tudo sempre terá mais de um nome. O que para uns é sabedoria, para outros é egoísmo; o que para uns é felicidade, para outros é martírio. Assim como uma mesma noite pode ser quente para alguns e fria para outros, mesmo que a lua seja uma só. E é por isso que o tempo me ensina a aceitar e não discutir – assumindo que isso não é passividade, mas respeito. Pois o Tempo é um senhor velho, e nada melhor que um homem idoso para nos ensinar sobre o respeito. Respeito, esse, que quando não de covardia, é chamado de ignorância pelos que não aprenderam nossas lições. Nossas lições, pois a vida tem muitas lições, e uma só vida não é suficiente para aprender todas elas.

E eu me baseio por essas – as que meus irmãos e professores tem me ensinado. Entre eles, o Tempo. Mesmo que transforme isso tudo em pó. Ainda pó, pior se não fosse sequer um cristal um dia.


“Mesmo que um clima de “novo tempo” pairasse sobre aquela Roma, algumas pessoas ainda se preocupavam com as tradições, e isso fizera com que um choque de pensamento acompanhasse aquela geração. Os novos tempos eram evidentes, o que variava era a maneira de como aqueles homens e mulheres lidavam com isso. Mesmo que os cristãos – e os pensamentos que os acompanhavam – fossem reprimidos e a chama dos deuses Antigos reacendida, o espírito de um Sol nascente depois de uma noite fria já estava enraizado naquele momento. E isso fazia com que, justamente, alguns desses mesmos homens e mulheres quisessem aplaudir os novos dias, enquanto outros, apenas lamentar a noite que se deitava.”
(Sob o Sol já Deitado, Capítulo XI).


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Uns dos Pontos da Questão


Algo em mim se lambusa de algo que quer ser lambusado. Uma sede pós calmaria. Sede de mudança. Um instinto que convida a todos a percorrer caminhos indecifráveis. Seriam as cores do teu olhar? Ou o medo que nos atinge na hora de dormir e vagar?

Palavras que se completam em minutos. Seria tão compreensível assim nossos olhares cruzados ou nossas mãos idênticas entrelaçadas?

Pontos de interrogação aqui e ali; flutuantes e usufruintes de sua própria levesa artificial. Pontos pesam mais do que se imagina; meus caros! Pontos pesam! Mas se pesam; porque somente os "nossos" é que flutuam?

Uma mão estendida é uma mão que se abre à possibilidades inúmeras. Uma mão que se fecha é uma mão que segura aquilo que não a pertence. Pois uma vez a própria mão não pertencendo a si própria; o que a poderia pertencer?

Pontos; pontos; pontos! E eu me pergunto: onde andarão as vírgulas? Seriam elas mais flexiveis e gentis que os pontos?

Aquilo que respiro me é suficiente para garantir o desejo irrefutável de renovação física; mental e espiritual; pelo qual meu corpo e alma carecem.

E por favor; não temamos o desconhecido; pois nada se perde em sua longa estrada semiobscura. É como a lei da física: Tudo se trasnforma.

E eu acrescentaria: Se transforma para que haja sempre uma forma de se auto eternizar.

"A Life Lived in Fear is a Life Half Lived"


Para Não Dizer Que Não falei Das Lebres


Em dias como hoje de correria intensa,

dias que parece que nada me pertence

Não tenho tempo de sentir, sonhar

e até meus pensamentos parecem sem tempo para fluir.

Quem me condenaria por desejar apenas fazer nada

Se esse nada coordena o caos que nesse momento reside em mim

Meu tempo não se resume mais a possibilidade de encontrar

A noite não é mais um mistério obscuro

Tornou-se uma parte

Insondável de mim mesmo

Minha limitação sou eu mesmo.

Hoje pela manhã não me importa mais

Se alguém ganha ou perde

Percebi que é difícil tomar uma atitude

e ainda mais difícil deixar de tomá-la.

Hoje redescobri que dizer ‘meu amigo’ é uma vitória

E que amar é mais que um encantamento

É uma habilidade filosófica

Hoje eu quebrei meu espelho e vi estilhaços em mil formas

As mil formas que me representam

As mil formas que habitam minha alma

Quem sou eu de verdade?

A pergunta não é essa...

Porque não tenho que escolher um ‘Eu’

Eu gosto da dor que sinto ao respirar

Gosto de quando não respiro...quando não dói mais

Sinto as marcas de todos os resíduos,

Do meu cheiro que teima em não ficar em nada

Me fazendo crer que sumi

Até teu gosto não me vem mais a boca

Perdi a sensação da falta de teu toque

Estou dormente?

Minha pele tem vida?

Olho novamente

Nos estilhaços do espelho vejo meu corpo

Levo a mão ao peito e imagino como me vêem

Que cara poderia ter hoje?

Como definir meus próprios detalhes?

Um piscar de olhos e o dimmer diminui a luz com suavidade

Estou próximo a palavra ideal,

Daquele olhar que faz minha alma cantar

Saio do meu reflexo

Estou vazio...ainda...


Por: Yuri Pospichil


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Acordar em Prosa


Hoje acordei em prosa
foi-se a poesia que me deu moradia,
amanheci metáfora.
Passei a tarde de trabalho dissertando
o coração, totalmente sem acerto,
consultei dicionários tediosos,
estava certo quem disse que o
amor é algo sem explicação,
apenas sentimos.


Celso Andrade

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Resposta referente à postagem:

Sobre um passado, o Presente e Algum Futuro;



"E A vida é isso, é falta de definição"

Para uns amor e ódio andam juntos, para outros odio não é o contrário de amor.

Há quem diga que o amor não existe. Há quem diga que existe e é para sempre.

Cada um cria suas definições e se condiciona às próprias regras que escolhe acreditar.

Hoje creio que sim, "Love is in the Air"! Hoje acredito que amar ultrapassa barreiras de crenças, gostos, afinidades. Que não se deixa vencer pela distância e que nem a pitada de ódio ou rancor é capaz de constatar a ausência de um afeto carinhoso.

Uns chegam, outros se vão. Uns sempre estiveram ali e só foram percebidos agora.

Quem sabe sejamos seletivos demais para amar à todos, mas, graças a Deus, cientes de que amaremos sem esforços aqueles que nos cativam facilmente nas idas e vindas do di-a-dia.

E sei lá... pelo tempo que tiver que ser.


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O Primeiro Sem Nome


Curvas fazem teus cabelos,
Assim como curvas fazem meu coração.
Ao te olhar, pensar e imaginar,
E assim perder atenção.

Tal como - e mesmo como,
um sátiro, que dança às fogueiras do verão.

Agitaria minhas lembranças
as que vieram, e as que virão!

Pois uma taça não se enche sozinha
Tampouco o fazem as amarras de um cordão

E sempre duas mãos são precisas
Para consagrar o que os deuses dirão.


(Odir)
Lobo Mau,
30/01/2010