quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Para Não Dizer Que Não falei Das Lebres


Em dias como hoje de correria intensa,

dias que parece que nada me pertence

Não tenho tempo de sentir, sonhar

e até meus pensamentos parecem sem tempo para fluir.

Quem me condenaria por desejar apenas fazer nada

Se esse nada coordena o caos que nesse momento reside em mim

Meu tempo não se resume mais a possibilidade de encontrar

A noite não é mais um mistério obscuro

Tornou-se uma parte

Insondável de mim mesmo

Minha limitação sou eu mesmo.

Hoje pela manhã não me importa mais

Se alguém ganha ou perde

Percebi que é difícil tomar uma atitude

e ainda mais difícil deixar de tomá-la.

Hoje redescobri que dizer ‘meu amigo’ é uma vitória

E que amar é mais que um encantamento

É uma habilidade filosófica

Hoje eu quebrei meu espelho e vi estilhaços em mil formas

As mil formas que me representam

As mil formas que habitam minha alma

Quem sou eu de verdade?

A pergunta não é essa...

Porque não tenho que escolher um ‘Eu’

Eu gosto da dor que sinto ao respirar

Gosto de quando não respiro...quando não dói mais

Sinto as marcas de todos os resíduos,

Do meu cheiro que teima em não ficar em nada

Me fazendo crer que sumi

Até teu gosto não me vem mais a boca

Perdi a sensação da falta de teu toque

Estou dormente?

Minha pele tem vida?

Olho novamente

Nos estilhaços do espelho vejo meu corpo

Levo a mão ao peito e imagino como me vêem

Que cara poderia ter hoje?

Como definir meus próprios detalhes?

Um piscar de olhos e o dimmer diminui a luz com suavidade

Estou próximo a palavra ideal,

Daquele olhar que faz minha alma cantar

Saio do meu reflexo

Estou vazio...ainda...


Por: Yuri Pospichil


3 comentários:

  1. Porque as vezes me imagino como você...

    As vezes me vejo em você; como se fosses uma parte perdida e esquecida.

    Algo que dorme escondido no mais profundo da minha alma.

    Minha parte irreverente. Uma parte que quer se perder de si mesma; mas ser encontrada por outras.

    Yuri sempre descreve bem o que sinto; quando descreve essa parte de seu próprio ser.

    A parte que não dorme e que vaga!

    Difícil de explicar!

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  2. É tudo muito maior, muito mais complexo e maravilhoso, não poderia te explicar, talvez nem devesse..mas o mistério as vzs é muito maior do que os olhos alcançam.
    Se pareço confuso, então estou sendo exatamente quem gostaria de ser.

    Nem sempre minha pele é só minha e as vezes minhas palavras saem de mãos alheias.

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  3. Em ti há uma subjetividade instigante, parabéns por escrever tão intensamente.

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