terça-feira, 29 de junho de 2010

Cartas a Quem Possa Interessar IV

Em que poço terá eu caído? Terá eu me desviado do caminho? Caminho traçado por jovens que nada sabiam da vida. Uma vida dita de possibilidades infinitas e grandes conquistas.

Que potes de ouros encontraremos a final?
Diga que permanecerei aqui, curioso a vislumbrar tal tesouro.

Uma vida ou duas são poucas para aprender sobre o viver e existir. E, talvez, a primeira lição seja justamente a ausência da tentativa do aprendizado.

Classificando coisas? Que coisas criaremos para a classificação?

Nesses dias em que o vizinho dorme para o trabalhar, eu, como e durmo para o sonhar. E quando meus pensamentos se desvanecem no inútil, lembro-me que não há nada mais inútil do que o rotulamento da utilidade.

Em que poços cairemos sem a reinvenção do viver?

Palpite:

Talvez, nos mesmos poços em que grandes conquistadores naufragaram seus navios. Em uma terra quadrada onde o mar acaba em abismo, o universo gira ao nosso redor; onde somos donos de algo o qual nem mesmo sabemos explicar a procedência.

E certezas? Somente duas. A ignorância vem do homem. A sabedoria, do desconhecido.



quinta-feira, 17 de junho de 2010

Desconhecido


Já não me importa mais tanto o que virá ou berrar pelo que veio. Talvez com o tempo a gente vá se acostumando a aceitar e apreciar os desafios que a vida nos coloca à frente.

Quando se é criança se tem o sonho de que o futuro será algo distante e eterno. O local onde poderemos nos realizar como pessoas, ou, o lugar onde se terá um final limpo e feliz. A gente cresce e percebe que o futuro não está distante mais do que um dia à nossa frente. E, talvez com o tempo, conforme envelhecemos, talvez não estará a mais do que um segundo. É curto e mais prospectivamente sujo do que limpo.

Os dez anos de vida de uma criança são como a metade de todos os nossos próximos sessenta, setenta anos de vida. Tudo é infinito e de repente o finito se torna palpável às nossas mãos. Vive-se mais os dez primeiros anos de vida (e aparentemente mais longos) do que o restante de nossos dias.

Na adolescencia dos anos 2000, o estilo
glamour de "massa" e o cult de "poucos" (o glamour alternativo) foram as formas predominantes, e alternadas, de se vestir e portar - e que grandes macacos chiques nós fomos, hein? - A fama é algo do início do século XX. O luxo e o dinheiro, coisas da época em que Cristo andava com suas sandálias por aí... Agora, fama, luxo, dinheiro e pensamento politico-ecologico-socialmente correto (plus o glamour cult, é claro) são coisas a mais do que minha capacidade de compreensão pode suportar nos dias de hoje.

Tem gente querendo ser glamurosa "sem" luxo e dinheiro. Tem gente pregando a "nova forma" de ser
cool e estar nos holofotes (ainda que gritem e finjam querer ser total off). E a verdade é que chamam mais atenção rejeitando a "luz" do que a própria luz os faria "cintilar". Esses sim, brilham na escuridão.

Quanta futilidade e "arruinação".

Somos aquelas mesmas crianças que antes brincávamos, e hoje atacam por misérias espirituais. Se superar é a palavra chave, e eu me pergunto, onde foi parar nosso senso (o bom)? Os ideais?

"Queimem os bruxos que ainda acreditem nisso!". Ideologias como paz, amor e união são
so last 70ths. "Ya no hay lengua, ya que se perdió. No hay alma, porque el viento llevó".

Pobres covardes que somos!

Amantes do inútil, descrentes da própria esperança. Crianças mimadas, protegidas pelos pais recalcados que tivemos, por estes terem sido criados por nossos avós "sem-noção".

O que criaremos?

Talvez, aquilo em que, em fé, verdadeiramente acreditemos.
E em que verdadeiramente cremos, afinal?

...Talvez uma boa pergunta para uma resposta sem respostas.


quinta-feira, 3 de junho de 2010

Cartas a Quem Possa Interessar - III


Há dias em que sinto falta do cheiro da infância,
Do calor maternal,
De puxar o bigode do avô.

Dias em que sinto falta do pão quentinho saído do forno à lenha, naquelas manhãs frias.

É a falta do gosto do Nescau.
Do quentinho do edredon, misturado a frio do inverno.
Do velho chinelo de andar pela casa.
Da paz de espírito de uma criança.

Ah! Quem dera ter oito, e um futuro brilhante pela frente.
Uma mãe e um pai, e, quem sabe, avós para sempre?!

Sinto falta mesmo é da liberdade de se poder ser somente eu e nada mais...

Do tempo de se ter tempo,
E da vida de não se sentir faltas...


quarta-feira, 2 de junho de 2010

Cartas a Quem Possa Interessar - II


Esses dias estava lendo no blog de um amigo um texto sobre limitações, essência e sonhos. Será que realmente possuímos limites ao nosso redor? Ou seria nós que nos limitamos ao máximo que nossos olhos podem ver sobre nós mesmos?

Não temos muito mais que vinte ou trinta anos e pensamos conhecer todas nossas capacidades, ou todos nossos limites, mas a verdade é que a cada ano, a cada dia, podemos nos surpreender com habilidades desconhecidas e formas de pensar que talvez tenhamos pensado que jamais chegaríamos a pensar.

A vida me parece um dom. O dom de aprender consigo mesmo e com todo o resto que está ao redor. O porém é que, geralmente, só se pode aprender com as ferramentas que se têm disponíveis em sua época. São raras as pessoas que têm a capacidade de inventarem novas ferramentas. Cada pintor pinta de acordo com sua mão e o pincél que tem disponível. Nem sempre é o ideal, mas tenho certeza que cabe a nós buscarmos o ideal para cada tipo de quadro que quisermos criar.

Pena as pessoas hoje somente terem o dom da destruição de ideais. Da ridicularização dos sentimentos e do culto à matéria.

Que essência e limites criamos para nosso espírito?

É mais fácil crer na matéria física que nos sonhos de um louco. É mais fácil criar quadros com a mesma técnica conhecida que inovar ao inventar uma nova forma de criar.

Nunca vimos as ondas de rádio e isso não quer dizer que não existiam antes mesmo de haver instrumentos para descobrí-las. Quantas outras coisas não vemos e ainda não achamos formas de descobrir? E que, por não vermos, não significa que não existam.

"Uma mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original"- Albert Einstein.

- Vigie seus pensamentos e conhecerás mais de tua essência, liberte-os e conhecerás a ilimitação.



terça-feira, 1 de junho de 2010

Cartas a Quem Possa Interessar - I



E se nada pudesse ser como antes? O que seria?
Tempo? Espaço vazio?

Um passageiro à espera de um ônibus que nunca passaria?

Como retornar para o vazio do que nunca existiu?
E se voltar... Por que voltar?

E seguir por que estradas quando jamais se estivera em uma?

Andarilhos do espaço ausente.

Aquele que passou sem jamais ter passado.
Sem ter sido visto ou notado.

Mas cujos feitos comtemplamos até hoje.

Ah! Seria triste... Pela falta do inevitável.

Os desconhecidos acontecimentos da vida.

Aqueles que foram - e não foram - e ficaram para sempre sem jamais terem chegado.

Quem dera pudesse ser assim todos os dias, todas as noites.

Escolher sempre,
sempre igual.