quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Em um sonho qualquer...


As verdades que me cobrem são rosas.
São as mesmas que me alucinam.
Fazem viajar por um mundo de oásis,
de fantasias e loucuras.

A falta de sentidos me é mais prazerosa
que qualquer vil realidade comum.
É um mundo mágico de sonhos
onde me escondo com segurança.

Gostosuras e travessuras que apronto à todos.
Mentirinhas e sinceridades milagrosas
que planto sobre as mesas.

E que me chamem de louco
por viver nas maioneses dessa vida.
Pois me é preferível a falta de sanidade
do que servir ao pueril senso do comum.

A Realidade Vil.


Por: Robson Rogers

A Felicidade Exige Valentia


Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado
algumas vezes, mas, não esqueço de que minha vida
é a maior empresa do mundo, e posso evitar
que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar
de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar
um autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz
de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo...


Por: Fernando Pessoa

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Quantas Vezes Eu assassinei o Amor?


O amor nunca morre de morte natural. Anaïs Nïn estava certa.

Morre porque o matamos ou o deixamos morrer.


Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença.


Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia.


Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados.


O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos.


Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento.


O amor não poderia morrer, ele não tem fim. Nós que criamos a despedida por não suportar sua longevidade. Por invejar que ele seja maior do que a nossa vida.


O fim do amor não será suicídio. O amor é sempre homicídio. A boca estará estranhamente carregada.


Repassei os olhos pelos meus namoros e casamentos. Permiti que o amor morresse. Eu o vi indo para o mar de noite e não socorri. Eu vi que ele poderia escorregar dos andares da memória e não apressei o corrimão. Não avisei o amor no primeiro sinal de fraqueza. No primeiro acidente. Aceitei que desmoronasse, não levantei as ruínas sobre o passado. Fui orgulhoso e não me arrependi. Meu orgulho não salvou ninguém. O orgulho não salva, o orgulho coleciona mortos.


No mínimo, merecia ser incriminado por omissão.


Mas talvez eu tenha matado meus amores. Seja um serial killer. Perigoso, silencioso, como todos os amantes, com aparência inofensiva de balconista. Fiz da dor uma alegria quando não restava alegria.


Mato; não confesso e repito os rituais. Escondo o corpo dela em meu próprio corpo. Durmo suando frio e disfarço que foi um pesadelo. Desfaço as pistas e suspeitas assim que termino o relacionamento. Queimo o que fui. E recomeço, com a certeza de que não houve testemunhas.

Mato porque não tolero o contraponto. A divergência. Mato porque ela conheceu meu lado escuro e estou envergonhado. Mato e mudo de personalidade, ao invés de conviver com minhas personalidades inacabadas e falhas.

Mato porque aguardava o elogio e recebia de volta a verdade.


O amor é perigoso para quem não resolveu seus problemas. O amor delata, o amor incomoda, o amor ofende, fala as coisas mais extraordinárias sem recuar. O amor é a boca suja. O amor repetirá na cozinha o que foi contado em segredo no quarto. O amor vai abrir o assoalho, o porão proibido, fazer faxina em sua casa. Colocar fora o que precisava, reintegrar ao armário o que temia rever.


O amor é sempre assassinado.


Para confiarmos a nossa vida para outra pessoa, devemos saber o que fizemos antes com ela.



Por: Fabrício Carpinejar

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

"Então É Natal, E o Que Você Fez?"

Como já diz na música, "Então é Natal" e é chagada a hora de tantas retrospectivas mentais, o ano está no fim e um novo renascerá dentro de poucos dias. E eu fico aqui me perguntando, "o que você fez"?

Conta aí como foi seu ano, o que você aprendeu, conheceu alguém?, se despediu de alguém?, correu muito?, c
omprou muitas coisas?, estudou demais?, trabalhou muito?, atingiu seus objetivos?, se frustou?, teve surpresas?, venceu barreiras?


Um Breve Resumo...

Um ano excepcional, de muitos tropeços, algumas quedas e grandes aprendizados. Assim eu poderia definir 2009. Cemeçando com um ano novo acampado na praia, seguido da minha formatura da fa
culdade - onde deixei para trás três anos maravilhosos com pessoas diversas (algumas que permanecerão no meu coração e lembrança para todo o sempre). - Em fevereiro um passeio inesquecível com o melhor amigo pelos cantos da grande São Paulo, onde nos divertimos muito, rimos e vimos muitas coisas. Não dá pra esquecer a viagem com o namorado para Arraial do Cabo e Búzios, no carnaval - "vistas e sensações" interessantíssimas no alto da colina, seguidas por um quase assalto com direito à perseguição policial. O ódio pelo risco corrido misturado com a adrenalina pura, pós sexo. Um dia inesquecível, sem dúvidas maravilhoso.

Depois vieram março, abril e maio. Três m
eses que despertaram a angústia dentro do meu corpo, a insegurança e a falta de sensatez. De um estudante universitário de cinema para um simples jovem desempregado, como tantos, dependentes de pai e mãe. Daí chegou a época das "vacas magras" e os atolamentos em dívidas. Cortes nas mordomias de um filho único muito mal acostumado. Depressão e sentimento de impotência e incapacidade de alguém que nunca precisou caminhar sozinho pelas próprias pernas. - As lições que demoram mas vem com o tempo, mais cedo ou mais tarde. Crianças mimadas amadurecem na marra.

E então Junho chegou trazendo meu aniversário. Ainda que alguns tivessem faltado, os bons velhos amigos de sempre compareceram. E nada me faz mais feliz que as verdadeiras amizades. Nada! Pois por mais que se saiba que um dia chegará a hora de cada um seguir rumos diferentes, sempre fica na lemb
rança aqueles dias de glória coletiva. Aí vem a surpresa: quando menos se espera, lá estão eles, os mesmos e de sempre, prontos para um abraço, para uma verdade na cara. Para me fortalecer no pior dos momentos. E eis que vem também o dia dos namorados, o ciso arrancado, a cara inchada e o juízo perdido. A recepção diferente e assustadora. O estranhamento junto com o distanciamento. O sentimento de baixa estima acumulada dos meses de março, abril e maio, misturado com a dor do "Eu Te Amo" não dito. O medo, a insegurança. A sensibilidade aflorada num momento em que nenhum dos dois estavam capacidados à compreensão.

Em julho o fim...
E no fim de julho, exato dia 31, o encontro com a compreensão. Uma nova amizade feita através de mensagens engarrafad
as, de dores compartilhadas e histórias parecidas. O florecer de minha poesia tão imatura onde, cada palavra escrita, era compreendida com a mais profunda e perfeita das compreensões. Incentivos sem fim que me levaram a recuperar o bom humor pouco a pouco e a relembrar que compartilhar sempre vale a pena, que frases de apoio e carinho sempre fazem florescer e multiplicar boas relações. E assim foi Agosto, um mês de sentimentos de perdas e frustrações sendo mandado embora por uma luz radiante chamada Yu.

Setembro foi o mês de focar no trabalho. A busca pela independência, a procura pela construção de um reconhecimento e merecimento que queriam ser conquistados pelos meus próprios punhos. E o Medo. O terrível medo de estar longe de todos. Trocando cada segundo do meu tempo por dólares que me
comprariam o que? Produtos Apple? Roupas de marca? Setembro foi o mês das decisões. De declarar guerra ao destino, mostrando que as cartas do baralho estavam erradas. Pois por mais que dissessem que minha viagem à trabalho em cruzeiros estava certa, bati meu pé e conheci o poder da decisão e livre arbítrio que cada um possui. Aprendi a enfrentar as consequências de meus atos de cabeça erguida. Só se acerta quando nos propômos a tentar, mesmo sabendo que o erro também pode fazer parte do processo. Fiquei e não me arrependo. Porque cada escolha consciente que faço me leva a um caminho com outras oportunidades. Setembro também foi o mês do reencontro. De mostrar aos outros as consequências físicas de uma "decisão corajosa". Foi o mês de perceber que aquela história de que "nada se perde, tudo se transforma" é real. Perceber que não tinha perdido um grande amor, mas sim, ganhado um grande amigo pelo qual tenho um eterno amor e imenso agradecimento.

A verdade é que nada é para sempre, exatamente porque o "Pra sempre" é muito tempo para ser para sempre o mesmo. Mas que por ser eterno, será o mesmo por várias vezes até o fim. Nada é definitivo, mas tudo pode ser recomeçado.

Depois chegaram outubro e novembro
. Meses de esquecer os números, esquecer de contar o tempo e perceber que ele não passa de uma grande alucinação coletiva. Novembro, o mês em que dei a cara à tapa e fui pegar no batente. Esquecendo a frustração de não conseguir ainda trabalhar com o que quero, mas ciente de que era necessário e justo começar de alguma forma. Ciente de que quando a pedra é muito pesada para chutar a gente tem que conquistar as ferramentas necessária para expulsá-la do caminho.

E então é dezembro. E tudo passou tão rá
pido, e... "bom, assim foi meu ano"! Mas, de repente, um tapa na cara de surpresas comparecem à minha residência, invadindo minha vida sem pedir licença, num súbito momento de surrealidade cinematográfica. Um boteco, três pessoas, um narguilé e dez minutos de silêncio e muita fumaça. Sushis, Sashimis e Cia. Muita chuva, um taxi, três mãos dadas e mensagens efusivamente impactantes.

E no final? Bem... No final, a gente descobre que o fim é outra das tantas alucinações coletivas que temos, pois, na verdade, o que vem são mais e mais inícios, novas descobertas, algumas redescobertas, muitos apredizados, alguns enigmas e "pontos de interrogação" a serem desvendados, problema
s novos, pessoas que chegam, que partem e algumas que voltam. É um eterno vai e vem num doce desespero de perde-se e maravilhosa sensação de, quem sabe, um dia reencontrar-se...

E não importa quanto o tempo finja passar na frente dos meus olhos, eu ainda vou odiar algumas coisas, e amar todas as outras, e são tantas...





Como diria um amigo especial:
"Eu odeio, mas amo vocês antes de tudo"


Um próspero ano novo em todos os novos anos de suas vidas.
Até daqui a pouco.



Agradecimento especial pras pessoas que participaram comentando e me ajudaram a dar vida a este espaço. Sem vocês o Plumbum perderia o sentido de existir!

Obrigado:
Érica, Yuri, Celso e Ayanne (Pequena Ya).


Sejam bem-vindos sempre:
Odir, Jean, Pedro, Luciano, Rafael e Daniel.


segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Que Vem a Ser o Amor?


Me diz o que vem a ser o amor
me abrace forte agora
me narre uma história sem dor
ao som da sua guitarra
me dizendo segredos de liquidificador.

Pois é chegada a hora
de dizer adeus e ir embora
com o único sabor que vigora
nos lábios do qual um dia roubara
o beijo de um Beija-flor.


Por: Ayanne Cristine

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Pensamento



"Quero lhe implorar
Para que seja paciente
Com tudo o que não está resolvido em seu coração e tente amar.
As perguntas são como quartos trancados e como livros escritos em língua estrangeira.
Não procure respostas que não podem ser dadas porque não seria capaz de vivê-las.
E a questão é viver tudo.
Viva as perguntas agora.
Talvez assim, gradualmente, você sem perceber, viverá a resposta num dia distante."



Por: Rainer Maria Rilke

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Partes III


Somos feitos de números
Somos somente argumentos

Escravos do pensar
A serviço do existir

Somos máquinas
Em busca de motivos

Por vezes
Desbravadores do universo

Outras...
Esquecedores do espírito

Mais do que corpos e sentidos
Somos inteligência

Constatadores do existir
Esquecimentos e lembranças
Somos mentalsoma da ciência

Gênios ignorantes
Longe de sabermos o que de fato somos
Ciclos de consciência



Somos o Tempo!



Por: Robson Rogers

Pedaços


A vida me faz cair
Levantar...
Respirar

Me faz forte quando necessário
Ambulante quando forte demais

Dela sou apenas uma parte
Longe de ser inteiramente Ela

Somente um pedaço
Delicioso e agradecido

Grato pelas quedas...
Grato pela existência

E se dela sou um pouco,
Uma parte

Dela hei de me servir em pedaços
De sorrir e De chorar, De Amar...


segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Risada ao Revés


Eu sou um triste palhaço
Artista da vida
Um triste palhaço é o que sou.
Maquiagem borrada
Uma alma esquecida e sem dor.

Eu sou um triste palhaço
Corpo sem vida
Criança de riso fácil é o que sou.
Identidade apagada
O triste palhaço do amor.

Eu vim para alegrar suas crianças
Eu vim para sentir o calor.
Eu vim relembrar a alegria
Que o maldito amor me roubou.

Escuro, triste, louco melancólico.
Fingido, maldito, palhaço otário.

Ninguém mais me aceita
Ninguém mais me quer.
E não há nada mais deprimente no mundo
Que um triste palhaço qualquer.


Por: Yuri Pospichil

sábado, 12 de dezembro de 2009

Tinta e Um Pouco de Amor


Pintava o rosto para afirmar sua real identidade.
Cobria a dor com sorrisos de deboche
E suas brincadeiras com verdades.

Dissimulava gestos corriqueiros.
Olhava a todos com verdadeira luxúria indelével.
E assim vestia-se de rebeldia para esconder o rebelde.

Se fazia cínico para falar de Deus.
Firme demais para ser ateu.
E fraco para não perder a bondade.

Despertava a dúvida por ser óbvio.
Corria para que parado ficasse.
E raza queria sua cova para poder voltar quando da morte cansasse.

Escrevia as mentiras mais belas.
E colocava sua alma a tal ponto
Que morreria por cada uma delas.

Se fazia ser quem era apenas com tinta e um pouco de amor.
Odiava espelhos por serem exatos.
E mais ainda o próprio corpo por sucumbir à dor.

E assim se manteve santo.
Sem posses e sem fardos.
Mas orgulhoso de cada um de seus pecados.


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Ao Fim de Tudo - Cidadão Quem

Minhas lágrimas não caem mais
Eu já me transformei em pó
E os meus gritos não se escutam mais
Estão na direção do sol

Meu futuro não me assusta ou faz
Correr pra desprender o nó
Que me amarra a garganta e traz
O vazio de viver e só

Se alguém encontrou um sentido pra vida, chorou
Por aumentar a perda que se tem ao fim de tudo
Transformando o silêncio que até então é mudo

Naquela canção que parece encontrar a razão
Mas que ao final se cala frente ao tempo que não para
Frente a nossa lucidez...


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Quando sentir, apenas, não basta...


Já não tenho mais o que escrever, embora tivesse muito o que falar.

Sabe quando você sabe o que está acontecendo? Sabe que sentem exatamente como você, mas, mesmo assim, sabe que o melhor é não mostrar o que se sabe? Porque, as vezes, tapar o sol com a peneira é a melhor solução. Inútil, mas, mesmo assim, a melhor que se tem disponível.

Sabe aquele momento em que você se dá conta que falar não é o bastante e, amar, tão pouco pode bastar? É o momento em que você percebe que não importa o que se sente, a coisa certa a fazer será sempre muito mais importante.

"Noites difíceis essas, que me rejeito em meus próprios sonhos. Já não fora o suficiente rejeitar-me em lucidez?"

E quando algo fala que o importante é falar,
algo grita mais alto e diz:

O melhor, mas não o correto, é calar...




quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Codinome Adrian e Adan


Imitando o Yuri: Como fazer? Descrevendo-se livremente, sem apego às regras da mais perfeita escrita. Somos perfeitos no dia-a-dia? Não! Então, não sejamos hipócritas em querermos uma autodescrição perfeita sobre o quanto somos imperfeitos e ainda temos a seguir.

Falar sobre o Rogers ou o Robson é caótico, muito mais para mim do que para vocês. Cresci sendo chamado por Rogers e quando cheguei na escola conheci um tal de Robson - Quem diabos era esse cara?

Robson, o filho modelo, projetado para seguir bons costumes, etiquetas, e tirar notas dez. Rogers, a cria indomável e selvagem, correndo pela rua atirando pedras nas pessoas, dizendo palavrões, e fazendo gestos obscenos.

Até os desessete minha vida particular foi regida pelo Rogers. Na social, pelo mais exemplar, o Robson. Não me perguntem quem controlava quem, ou como os processos ocorriam. Fato é que, em algum momento, depois disso, estes dois rapazes começaram a entrar em conflito, se entrelaçando, misturando suas crenças, seus ideais, seus anseios. O selvagem e o disciplinado convivendo diariamente sob o mesmo teto, o mesmo corpo. Um travando o outro e sabotando, até que as definições fossem sumindo pouco a pouco. E eu, simplesmente, me perdendo de mim.

Como viver sem definições? Como organizar a mente quando sua mente enxerga as coisas sempre por dois lados. Como escolher o melhor caminho quando sua razão entende que "o melhor caminho" é o ápice da subjetividade?

Esse sou eu. A inconstância. A maldade convivendo com a ingenuidade. A ingenuidade que pune a maldade com tormentos moralistas, e a maldade, que usa da ingenuidade para promover conquistas. Quanta monstruosidade dentro de um ser só. E quanta prova de humanidade, também.

A maldade é aquela que se esconde em minhas entranhas. Já a bondade não! Ela é aquela que vem aqui dedurar os podres sem piedade. Sim. Por que ser bom, as vezes, é ser impiedoso também. O erro não está nos sentimentos bons ou ruins em demasia, mas sim, no nosso senso de justiça vigente. Sim, o Robson é muito justo e forte suficiente para entregar seu irmão se for preciso. Pelo menos, é assim que tem sido até hoje.

Já, alguns, dizem por aí, que o Rogers é traiçoeiro, troca de amigos como troca de roupa. Pois daí me defendo dizendo assim: quem disser, que prove. Pois se assim fosse, não teria em meus albuns fotográficos atuais os poucos e verdadeiros amigos ao meu lado. Os mesmos, alguns, que fiz quando ainda tinha apenas seis anos de idade. "Oh! Mas e os que desapareceram ao longo do caminho?": Bom, eles desapareceram!... Mas não, realmente não me lembro de tê-los mandado embora.

Decepção? Comigo? Quem nunca se decepcionou ou decepcionou alguém que atire o primeiro bloco de concreto. Me decepcionei com muitas pessoas e decepcionei muitas, provavelmente. Mas, nunca deixei de tentar compreender os que a mim me decepcionaram, muito menos deixei de pedir as mais sinceras desculpas por ter decepcionado alguém.

Quem é o Rogers? Quem é o Robson? Não sei mais definí-los pois tornaram-se um só. Sei que acreditam no amor, na beleza. Sei que são falhos. Que não são adeptos às doutrinas alheias, mas sim à todas aquelas que lhes forem convenientes. São livres de rédeas, senão, às próprias que condicionam um ao outro.

Um deles é romântico, vive em um mundo cor-de-rosa, de fantasias. Um deles é o mais indiferente dos seres, capaz de não sentir nem uma pitada de compaixão. Um é prático pois quer ser eficiente. O outro é melodramático, mimado, egoísta. Um chato. Mas, provavelmente, o chato que irá enxugar suas lágrimas em todos os momentos e , a qualquer hora que for preciso - pois é de grande sensibilidade.

A verdade é que tanto um quanto o outro gostam de atenção. Se ela não existe, um vira as costas e segue em frente, procurando quem lhe dê. O outro, chora e esperneia esperando que seja visto e ouvido. Um é maduro, o outro não passa de uma criança.

Maturidade? Pra minha idade? Sim, muita, e digo com orgulho. E onde fica a modéstia? Bom... Na franqueza de dizer que sou um dos caras com a pior autoestima que existe. Mas, também, na franqueza, de falar que compreendo que não existem motivos quaisquer para tal sentimento.

Sou assim. Um observador nato, que entende o contemporâneo como poucos, mas não entende como as pessoas podem ser tão ignorantes de não compreendê-lo. Sou o cara típido autista por opção, que passa mais da metade do tempo fazendo conclusões analíticas sobre tudo e todos, vivendo submerso nas profundezas do pensar.

Sou aquele que vê todas as coisas, e finge não ver através da máscara da ingenuidade. Sou aquele que não leva a sério suas descobertas. Percebe o melhor e o pior de cada um, inclusive de si mesmo. Enxerga e sabe onde estão os caminhos para as resoluções. Porém, incapaz de conseguir seguí-los com maestria.

E seja lá com qual dos dois vocês estejam lidando, uma coisa é certa: ambos são dignos de confiança, pois o que mais prezam são os tratados e a fidelidade. São fiéis até a morte, exceto, em casos de infidelidade alheia.

Sobre jogos? Péssimos jogadores. A melhor estratégia que têm é manterem-se afastados de jogos. Nem que para isso, tenham que fingir que estão jogando. Contráditório? Pra mim (ou nós), nem um pouco.

Rapidinhas:

O que busca: Harmonia e equilíbrio.

Crença: A mais abrangente possível, livre de preceitos e pré-conceitos. A minha própria crença. A realidade particular (cada um tem a sua realidade, não existe uma única).

O que ama: As pessoas que estão comigo pro que der e vier, a vida, a energia que nos envolve.

O que odeia: A falta de percepção das pessoas sobre as consequências segundo seus próprios atos.

Se tivesse que dizer suas últimas palavras, o que diria: A concepção de vida que conhecemos é uma grande ilusão. Não se matem por tão pouco quando se vale muito mais do que se imagina, apesar de, muito menos do que esperam os egocêntricos. Viver é compartilhar o que se tem, de bom e de ruim. E sim! Vale muito a pena. É a melhor coisa que me recordo ter experimentado e estar experimentando desde que imagino existir.

Sou caótico. Sou prolixo. Sou piegas. Sou assim, igual a tantos de vocês...



(Sem) Crise dos 20



Essencialmente, pra manter a tradição no terceiro ano. Duas décadas de vida, número redondo. 2+0= 2, no tarot, a compreensão da ambiguidade e complementação.


Chega um momento na vida que a gente aprende que há coisas que não mudam. Quando se faz 15 anos, a gente quer mudar o mundo porque não o aceita. Quando se faz 20, a gente aprende a lidar com esse mundo. Mesmo não o aceitando.


Talvez o que era fogo de palha acabou terminando como tal. E o que era só uma porta aberta se tornou o começo de uma longa e difícil caminhada. Hoje descubro que muitas vezes estive errado, pensei errado e agi errado. Mesmo sabendo que o conceito de "errado" é muito relativo. Hoje entendo e não compreendo muitas coisas. Entendo que minha mãe nunca vai deixar de acreditar que um dia vou casar e dar filhos à ela. Que alguns amigos continuam com seus vícios e virtudes independente do que eu diga ou o que eu faça. Que eu não posso mudar o mundo que descobri quando tinha 15 anos. Mas posso escolher o que é bom e construtivo para minha vida. Hoje entendo que algumas pessoas não dão a mínima para você. Outras, se importam demais - e quando isso acontece, é porque suas vidas não são tão importantes quanto queriam.



Hoje entendo que não existem pessoas ou atitudes boas e más. Mas pessoas que são construtivas e descartáveis no seu caminho. Que a vida é cruel, que o homem é mentiroso, a mulher falsa, a família hipócrita, o vizinho infeliz, um Estado corrupto e um mundo sujo. E que, ao mesmo tempo, também existem pessoas que te fazem crescer só com um olhar. Que o sol é lindo, e quando ele se deita fica ainda mais bonito. Que existe caridade, compaixão, amor, honestidade e segurança. Que o incenso vai queimar sempre que eu precisar, que as velas também o farão até o fim, sempre que for necessário. Que os deuses são cruéis e maravilhosos. Porque eles são o humano e a humanidade. Hoje entendo como Roma caiu...
...mas não compreendo. Aliás, compreendo pouco, ou quase nada, disso tudo que escrevi.
Ainda sou um Louco, em um caminho (des)conhecido.

A Beautiful Mess - Jason Mraz

You've got the best of both worlds
You're the kind of girl who can take down a man then lift him back up again
You are strong but you're needy, humble but you're greedy
And based on your body language and shorty cursive I've been reading
You're style is quite selective though your mind is rather reckless
Well I guess it just suggests that this is just what happiness is

Hey, what a beautiful mess this is
It's like picking up trash in dresses

Well it kind of hurts when the kind of words you write
Kind of turn themselves into knives
And don't mind my nerve you can call it fiction
Cause I like being submerged in your contradictions dear
Cause here we are, here we are

Although you were biased I love your advice
Your comebacks they're quick and probably have to do with your insecurities
There's no shame in being crazy, depending on how you take these words
I'm paraphrasing this relationship we're staging

But it's a beautiful mess, yes it is
It's like picking up trash in dresses

Well it kind of hurts when the kind of words you say
Kind of turn themselves into blades
And the kind and courteous is a life I've heard
But it's nice to say that we played in the dirt, oh dear
Cause here, here we are
Here we are

We're still here

And it's a beautiful mess, yes it is
It's like taking a guess when the only answer is yes

And through timeless words and priceless pictures
We'll fly like birds not of this earth
And tides they turn and hearts disfigure
But that's no concern when we're wounded together
And we tore our dresses and stained our shirts
But its nice today, oh the wait was so worth it

Here we are


Por: Jason Mraz

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Mariana

A diferença faz a normalidade
dessa confusa realidade
que tende a nos perseguir,
caçar-nos, por vezes coagir
só porque somos o que queremos ser,
ao menos alguns,
já outros o que os fazem ser. Ou seria ter?
Com você não seria diferente Mariana,
chega de chorar nessa dura cama,
afinal, dura mesma é sua condição.


Mariana. Menina meiga, de face intrigante
não queira imaginar como é sua mente
cheia de caixas lacradas,
infestada de regras pré-fabricadas
que todos podem ter, mas Mariana
possuí até demais... O que Mariana faz?


Mariana. Age como qualquer um.
Fala, corre, pula até...
Pouco sim, mas ela pode ser o que quiser.
Mariana, Mariana, não se sinta triste,
as coisas nem sempre são como queremos,
as pessoas nem sempre sabem o que falam.
Não queriam te ofender
talvez ajudar-te, sem saber
que ajuda maior são eles que necessitam
aqueles medievais de mente
e de atos que nunca vão mudar.
Quantos ainda sentem-se oprimidos? Quantos? Quantos?
Você viu? Ele caiu.
(Bonequinho de algodão)


Mariana por vezes é Maria,
por vezes é Ana.
Mas afinal, quem é você Mariana?
Com a família não dá mais,
com os amigos também não, não há....
A quem recorrer? Correr. Correr.
Entendo Mariana... Mas quem é você?
Você (?!)


Maria. Gentil, tão suave.
Cheia de feminilidade, cheia de graça.
Todos riem... Riem... De sua timidez,
O que fazer? Ela é assim,
parece uma boneca de porcelana
daquelas que nunca se tira da caixa.
Maria, alguns meninos gostam de você.
Beijar-te eles querem, tocar-te além do cetim.
Por que não?
Maria gosta de chá verde, meias laranja e uma boa piada.
Mas ninguém sabe.
- Como ela pode gostar de piadas? Ela não gosta de si.
Maria sai sempre cedo pra não ser vista... Ela é tão confusa.
Volta tarde pra não se sentir aflita.
Apenas sorria.


Mariana por vezes é Maria,
por vezes é Ana.
Mas afinal, quem é você Mariana?
Com a família não dá mais,
com os amigos também não, não há....
A quem recorrer? Correr. Correr.
Entendo Mariana... Mas quem é você?
Você (?!)


Ana. Impetuosa, em momentos rude.
Ela sabe o que quer, o como fazer,
Sabe que é com humanos bestializados
que por vezes tem que conviver.
É a vida Ana... Ana... Ana... Manda
como ninguém; com ela tudo flui
seja pelo seu punho ou por um “Já!” nada cordial.
Os meninos temem Ana, as meninas mais ainda
menos aquela que dizem ser tão estranha
tão, tão estranha quanto você.
Veja os olhares dela pra ti... Tão profundos,
parecendo querer algo que pra alguns seria muito obscuro,
mas que,sinceramente, não é. Apenas “é”.
Até parece aquele meu vizinho
que era um tanto direto... Nada correto... Mas foi tão bom.
12 e 26, boas idades não?
Ana, por que não se entregar?
Por que não?
Você viu? Ele caiu.
(Bonequinho de algodão)


Mariana por vezes é Maria,
por vezes é Ana.
Mas afinal, quem é você Mariana?
Com a Família não dá mais,
com os amigos também não, não há....
A quem recorrer? Correr. Correr.
Entendo Mariana... Mas quem é você?
Você (?!)


- Quando faz frio quero ser África,
quando pra fazer não há nada
quero ser uma ilusão.
Tento ser tanta coisa por eles... Eles.
Mas e depois o que farão?
Seria melhor sumir, deixando tudo pra trás
sem dar importância a ninguém mais.
Podendo correr de cachecol no Pantanal
com ela e fazer sexo O...
Bem, você sabe afinal.
Quando chove quero ser a escuridão


Mariana por vezes é Maria,
por vezes é Ana.
Mas afinal, quem é você Mariana?
Com a Família não dá mais,
com os amigos também não, não há....
A quem recorrer? Correr. Correr.
Entendo Mariana... Mas quem é você?
Você (?!)


Na verdade Mariana quer ser João.


Por: Rafael Chaves


quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Adeus ao Apego


Às vezes vontade de partir é tão forte que imagino como será o depois de pulado a ponte, de ter esquecido tudo, como ficarão as coisas depois do adeus, da partida inesperada, penso seriamente em arrumar um canto só meu, onde acorde e ouça apenas o som dos pássaros, solos longos de violoncelo tocando Dvorak, sentado ao chão sem amor, sem esperanças e sem apego também, onde possa chorar todos os choros que não tive força pra derramar, esse pranto que guardo dentro do peito e palpita feito ferida aberta esperando solução, cura, rolaria pelo chão limpando cada pedaço que levo grudado de paixões fracassadas, de sonhos não realizados, entraria no mar e lavaria cada sujeira deixada pelos "sem alma", porque toda alma sonha com um corpo sossegado de perdas, frustrações, e falta de afeto, depois disso tudo deixaria de ser eu mesmo, sem bagagem, viajaria mundo afora sem amarras, e sem apego.


quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A Miragem


Ela tinha uma foto dele no quarto. Era em preto e branco... mas ela conseguia ver as cores... Imaginar os sons... Os cheiros...
Ela conseguia imaginar como estava lá: se havia vento, se havia sol e se fazia frio.
Ela largou a foto em cima da escrivaninha e saiu do quarto para viver mais um dia.
Ela ainda conseguia ver as cores e sentir o cheiro do gramado.
Ela franzia sua testa pela luz do sol que lá havia, ela sentia um arrepio pelo vento que lá fazia.
Ela conseguia ouvir risos de pessoas que estiveram lá. Ela conseguia imaginar o que teria de almoço naquele dia, naquele lugar...
Ela imaginava de mais. Ela sentia de mais!
Talvez ela imaginasse coisas que não estivessem lá. Talvez ela ouvisse vozes que nunca soaram. Talvez ela tenha sentido algo que nunca tivesse existido.
Mas ela podia sentir bem forte... e parecia que, de repente, havia alguém atrás dela... Ele! Ali, nas suas costas! Atrás dela!
Ela sentia seu perfume, ouvia sua voz.
Ela se virou. E o viu. Ele estava ali mesmo!
Ela encheu os olhos de lágrimas... ele estava ali.
Ela não sabia se devia abraçar. Era tão real... Real de mais para ser verdade...
Ele tinha aqueles olhos? O cabelo dele era assim mesmo?
Será que ela não confundiu ou modificou a imaginação?
Ele estava lá. A camisa se mexia conforme o vento.
Só ela o via. Havia um espaço vazio para onde ela olhava. Mas ela o via.
Ela voltou pro quarto. Ouvia a voz no seu ouvido "O que houve?"
Ela ficou sem reação, paralisou. Ela fechou os olhos. Ouvia sua respiração. Sentia que ele estava ali perto.
Sentia o cheiro dele.
Ela abriu os olhos, se virou para olhá-lo... não havia nada, mas ela o via... com tamanha perfeição, com detalhes. Ela viu seu relógio de pulso. Ela viu a jaqueta preta dele, e cada linha, cada fibra do tecido, cada costura... em detalhes. Real de mais. Ela olhou para a escrivaninha e agarrou a foto.
A voz perguntava em tom preocupado "você acha que não sou real? você acha que não estou aqui?"
Ela espiou a foto.
E ele continuava "me desculpe por fazer isso com você... mas agora estou aqui! você tem que saber o que é real!!"
Ela olhou a foto. Ela veria o que era real... Até sua miragem ordenava que ela visse o que era real.
Na foto, porém, não havia nada de real. Era apenas um papel mentiroso. Era apenas luzes e sombras que foram batidas na folha. O papel não sabia que aquelas gotas de tinta que ele absorvera formava um ROSTO. O papel nem sabia o que era um rosto. A máquina fotográfica não sabia o que eram olhos, nariz e boca.
Era apenas isso. Luzes e sombras jogadas num papel que formaria alguma coisa.
Ela alisava a foto... Lisa. Apenas papel. Apenas cinza, preto e branco.
Ela podia amassar e rasgar... jogar no lixo ou queimar...
E ela ainda podia fazer várias cópias. Sempre sairia o mesmo sorriso, o mesmo nariz, os mesmos olhos... E podia amassar e jogar fora... E fazer muitas outras cópias. E o que aquilo significaria afinal? Era só papel com tinta. Não era ele. Não era real. O concreto, o palpavel não era real. Não tinha cheiro. Não tinha o brilho dos olhos dele. Não tinha som do vento.
Ela se virou novamente para sua miragem. Ele olhava para ela sem piscar, sem saber o que esperar. Ela rasgou a foto e se sentou na cama.
Ele ficou olhando. Ela queria que ele sumisse... real ou irreal. Ela queria que ele apenas sumisse... Mas ele ficava parado olhando para ela.
Ela pensava que mandava na miragem. Mas ela o transformou em algo real. E ela pensava e imaginava que ele estava saindo pela porta ou que ele estava sentido remorso por estar deixando ela louca... mas ele apenas olhava para ela, preocupado. Ela rasgava a foto mais e mais a tal ponto que o correto seria dizer que estava picotando...
Ela olhou para o monte de papel picado, apenas com tinta formando qualquer imagem que tenham ordenado...
Ela olhou para a miragem. Levantou e o abraçou... E disse "viu o que você fez comigo?"
E ele perguntou "Eu fiz? Olha o que VOCÊ ME fez!"
Ela olhava para sua miragem... bem nos olhos!
"Sim, você!"
Ele sorriu...
E a beijou.


segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Frase


"O tempo não é uma medida. Um ano não conta, dez anos não representam nada. Ser artista não significa contar, é crescer como a árvore que não apressa a sua seiva e resiste, serena, aos grandes ventos da primavera, sem temer que o verão possa não vir. O verão há de vir. Mas só vem para aqueles que sabem esperar, tão sossegados como se tivessem na frente a eternidade."


sexta-feira, 13 de novembro de 2009

"Poetar"


Desmontarei-me em centenas de escritas
A fim de que me torne transparente

De migalhas à letras, somado às palavras
Meus pedaços, curtos, pequenos e ausentes

Alguns chegam até mesmo a serem belos
Outros são encurtados. Discrimidados
São escórias do meu ser. E impalpáveis

"Poetar" é descrever-me.
É dizer-se translúcido
Sem jamais mostrar-lhe os dentes.

Brincadeira?
Ou covardia?

Sou fragmento de minhas palavras, e não elas de mim
Um jogo com censuras, de sentimentos que não cabem

Escrevo, escrevo, e calo

Sou cópia descarada de meus velhos antepassados
Alguém que diz e diz. Mas não é suficiente dizer assim

"Desmontarei-me em centenas de escritas
a fim de que me torne transparente"

Pois, no fundo,
Sabe apenas brincar,
De falar sobre o que sente.


Tic (ping) Tac (ping)...


Como um balde, esperamos até a última gota, até não poder mais, até transbordar... E quando ele transborda ficamos com medo de que não tenha outro balde ou não cheguemos a um lugar seguro para esvaziá-lo a tempo... Ficamos apavorados pensando "por que não esvaziei esse balde antes? agora vai fazer uma molhaçada legal!"

E nos preocupamos com o que vamos acabar molhando, quem se zangará com isso, porque serão muitas pessoas que se zangarão!

Pela nossa distração, terão que passar pela molhaçada, correndo o risco de resbalarem e se molharem também... Tudo porque não esvaziamos o balde antes. Tudo isso porque deixamos que acumulasse água.
Então ficamos com remorso... mas agora não temos mais tempo. É fazer ou não fazer, porque as pessoas vão ficar zangadas e isso não podemos mais mudar.

E a água cai.

E na hora de pedirmos desculpas, na hora de limparmos a água, percebemos que mesmo tendo deixado as pessoas zangadas, colocando-as em risco de se molharem também e de, quem sabe, resbalarem... Nossa chão está mais limpo!

Percebemos que se tivessemos esvaziado, não deixariamos as pessoas zangadas, nem colocado em risco de se molharem e resbalarem e a molhaçada jamais aconteceria, e não limpariamos nunca o nosso chão (se não tinhamos tempo para um balde, iriamos ter para o chão?).
E alguém se irritaria com a presença do balde quase sempre vazio no caminho, praticamente sem função de tão vazio... e o chutaria...

Então percebemos como as coisas se encaixam perfeitamente: Não tinhamos tempo para limpar nosso chão. Não limpariamos nunca.
E foi graças ao nosso balde que, de tão cheio, transbordou que finalmente limpamos o nosso chão.
E, finalmente, percebemos como é maravilhoso o tempo.
Paramos e refletimos.
E prometemos que, apesar do benefício causado, vamos tentar esvaziar o balde sempre que possível e limpar constantemente o nosso chão...
Mas assim como o tempo bate nos ponteiros do relógio, as gotas começam a cair no balde...
Nossa vida é assim... E o tempo estará observando tudo. Percebemos que o balde e a sujeira tem que estar lá!
E o tempo, invisível, nos faz acreditar que não temos tempo... Mas ele está agindo silênciosamente. Passamos correndo pelo lado dele e ele nos acena, um aceno que não vemos e continua seu projeto de trabalho, de vida... do nosso futuro...
Ignoramos tanto o tempo e corremos por ele que acabamos dando mais tempo para o tempo ajeitar nosso tempo.
E o tempo que está aqui, é o tempo que estará lá, mais adiante. E ele sorri para nosso desespero, ele sorri ironicamente, porque já tem um plano... Mas não conseguimos ouví-lo no meio de tanta correria e no meio do som de pingos que caem no balde...


PING


Ele sorri.


PING.


Ele nos sorri.


terça-feira, 10 de novembro de 2009

O Que Vai no Recheio?


É realmente interessante nossa vida. O decorrer dela. As defesas ideológicas que fazemos. Os sentidos e rumos que tomamos. Ou, até mesmo, aqueles que não optamos, mas mesmo assim, de enxeridos, nos apareceram.

Nascemos nus. Completamente nus! Mal temos cabelo, mal temos corpo, mal temos cor. Nascemos com nada e, aos poucos, vamos ganhando o mundo. Desde nossos primeiros segundos de chegada nós ganhamos coisas. Ganhamos nossos primeiros metros cúbicos de oxigênio, inalados por nossas narinas, que vão circular por nossos pulmões, e serão, no segundo seguinte, perdidos através de nossa expiração. Ganhamos e, a partir desse momento, já começamos a perder também - o ar, e os segundos.

Mas, a verdade é que iremos ganhar muito - muito mesmo - nos próximos anos de nossa existência, depois de nascermos. Ganharemos muito mais do que iremos perder, na verdade. Nasceremos e ganharemos pais, avós, tios... Alguns até mesmo irmãos. Ganharemos nossas primeiras roupas. Aquelas que encobrirão futuramente nossas vergonhas - o nosso corpo, que também ganhamos ao nascer.

E o mais interessante é que, quando morrermos, tudo aquilo que ganhamos nos será tirado. Alguns irão perder ao longo do percurso. Outros, terão a sorte ou o azar - não sei - de perderem tudo só no último instante. Nascemos nus. Partiremos nus... Ainda que de terno e gravata - e não me perguntem porque esta é a melhor forma de partir.

Alguns defendem que durante todo esse caminho - que para os novos parece ser gigantesco, mas para os mais velhos, parecerá bem mais curto do que pensávam ser - encontraremos a felicidade somente dentro de nós. Já, porém, outros, defenderão que a felicidade poderá ser encontrada fora de nós, junto aos outros. Uns buscarão por completude. Outros, por momentos, uma vida confortável, ou afeto apenas... E não importa quais crenças teremos, ou o que iremos nos propor a buscar - se será válido ou não - se nossos valores realmente foram os mais corretos para nossa época. Não importa. Ainda assim, chegaremos sozinhos e partiremos também assim.

Quando meu avô morreu, dias antes de partir, ele pediu perdão à minha mãe. E ela não entendeu, mas de qualquer forma, ela disse que - seja lá pelo o quê ele buscava o perdão - ele estava perdoado. Então, ele falou pra ela só não esquecer de uma coisa. E a coisa era:

- A vida é uma ilusão, uma grande ilusão!

Penso que entendo o que ele quis dizer. Não que a vida fosse ruim, como um sonho que não se realizaria nem no "final". Mas sim, que, todas nossas crenças e hábitos não passam de uma alucinação coletiva de nossas mentes. E a prova é que as coisas são reais para aqueles que acreditam no que querem que seja real. Mas a realidade básica é essa: nascemos nus e morreremos assim. Todo o resto, entre o início e o final, o chamado "recheio", são apenas boas e más lembranças do que vivemos e cultivamos enquanto nos foi dada a oportunidade.

(O que andas a cultivar para teu recheio?)

Algumas pessoas, ao se tocarem disso, viverão intenssamente seus momentos, e acho que isso não será o suficiente para preencher o meio. Pressa e rapidez em querer viver só acelerará mais a vida. Outras pessoas que se derem conta do que realmente "conta" - e o que conta de verdade é subjetivo - se apressarão em exercer o desapego. Abrindo mão de bens e, inclusive, de pessoas. Afinal, viver sozinho talvez seja o melhor caminho para aquele que nasceu assim e sabe que morrerá assim. Afinal, tudo que nos dão, um dia, mais cedo ou mais tarde, nos tiram. As coisas perecem e as pessoas partem. Certo?... Errado! - pelo menos ao meu modo de ver.

Nascemos sozinhos, receberemos do mundo uma infinidade de coisas, momentos e pessoas. E sim, "perderemos" tudo pouco a pouco - e alguns até mesmo as lembranças -. Mas, não, de forma alguma, isso significa que devamos nos adiantar e vivermos sem nada, na solidão. Ganhamos o mundo. Ganhamos as pessoas e os lugares. Tudo é nosso e está aqui para usufruirmos com respeito. Se cuidarmos, ficará conosco até o final da jornada. Como sempre digo, a vida é o presente que você ganha. É como receber o prêmio de seis munitos no paraíso. Você pode estar sentado observando os outros, pode estar destruindo o seu céu, estar se divertindo, ou, até mesmo, temendo-o. Mas pode estar compartilhando o prêmio se quiser, interagindo com ele e os outros premiados.

Exercer o equilíbrio é fundamental, embora, nao sejamos obrigados a saber exercê-lo de cara. Enquanto alguns têm que aprender a serem mais sozinhos e menos dependentes, outros, tem que aprender a interagir com o grupo e confiar na capacidade alheia. E sim, teremos que devolver tudo no final de nosso intrevalo de tempo. Mas não nos apressemos, nem penssemos nisso. Devolver tudo de bom que tenhamos recebido será apenas nossa última provação. Aquela que nos prova que não somos egoístas, mas, altruístas, o suficiente, para deixarmos mais premiados usufruirem do paraíso. É tudo um grande jogo de equipe. Percebamos isso ou estaremos não só nos prejudicando, mas também, aos outros jogadores.

"Não me firas porque te feres" - Pablo Neruda

E aqueles que esperam encontrar a paz de espírito e tranquilidade na morte, eu deixo um recado: É muito fácil e cômodo querer ir para um lugar bonito e tranquilo, que nos preencha e nos dê o descanço "merecido", sem que tenhamos que nos esforçar para construirmos o mesmo. É reconfortante mudar-se e, ao entrar na casa nova, encontrá-la pronta para nós sem que tenhamos desempacotado um só pacote. Mas, já deveríamos ter percebido que não obtemos nada duradouro se não com nosso próprio esforço.

Nascemos nus. Mas tudo o que realmente ganhamos foram as ferramentas, pois o demais, se parar para pensar, verás que - diretamente, indiretamente, conscientemente ou inconscientemente - conquistastes com tuas próprias mãos através de tua própria vontade.

Olhe bem a semente do que plantas, antes de surpreender-te com o fruto que colherás.

O mais gostoso sempre é o recheio!


segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Poema Por Explosão



Hoje acordei e disse pra mim mesmo
que não escreveria mais,
foi duro, tinha um poema meio diferente
desses que conto meus dilemas,
engasgado na caneta, me conti,
os dedos pareciam duros
fui posto no muro das letras
e lá estava ele inteiro , pronto,
para ser posto o ponto final,
segurei-me pra não correr,
nem me perder dos significados,
o dicionário sumiu, fiquei encabulado
era um poema de rima pobre, meio
dessas pessoas sem namorado
que nem tem muito a dizer
mais bem sabe escrever,
nem corta coração,
mais tinha no final um verso
de rima rica, mesmo sabendo
que alguém sempre fica submerso
sem entender o que queria o poeta
com esse poema quase atolado na lama
sem algum dilema e dor,
como alguém que ama
e não sabe que é o amor.


Por: Celso Andrade

Discurso amoroso: quando viver torna-se um favor.

Talvez se tenha um preço por viver bons momentos ao lado de alguém, gostar e ser correspondido pela pessoa amada que está ao nosso lado. Independente do que temos a oferecer "pagaremos pelo que nos é oferecido", furaremo-nos no espinho da cheirosa rosa que colhemos. Mais cedo ou mais tarde, seremos pegos de surpresa e não teremos pra onde correr, seremos cobrado pelo que usufruirmos. Na vida há uma espécie de favor, como dizem os mais velhos " com o que se dá, se recebe". Pensaremos que seremos abraçados quando precisarmos e seremos segregados, pensaremos ser afastado e seremos aceito, a surpresa, o momento de glória ou frustração raramente é acertado ou pensado, somos seres limitados em afetos, ou se deixarmos nos ser tirado o direito de sonhar, cairemos sempre como "ratos na mesma ratoeira". Buscar felicidade em alguém é altamente perigoso, não podemos perder o direito de negociar, se nos entregarmos sem algum acordo verbalizado mútuo entre todas as partes envolvidas, antes que seja tarde demais para se arrepender de ter escolhido a pessoa amada a viver-se ao lado.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

True Colors - Cyndi Lauper

You with the sad eyes
Don't be discouraged
Oh I realize
It's hard to take courage
In a world full of people
You can lose sight of it all
And the darkness inside you
Can make you feel so small

But I see your true colors
Shining through
I see your true colors
And that's why I love you
So don't be afraid to let them show
Your true colors
True colors are beautiful,
Like a rainbow

Show me a smile then,
Don't be unhappy, can't remember
When I last saw you laughing
If this world makes you crazy
And you've taken all you can bear
You call me up
Because you know I'll be there

And I see your true colors
Shining through
I see your true colors
And that's why I love you
So don't be afraid to let them show
Your true colors
True colors are beautiful,
Like a rainbow

I can't remember
When I last saw you laughing
If this world makes you crazy
And you've taken all you can bear
You call me up
Because you know I'll be there

And I see your true colors
Shining through
I see your true colors
And that's why I love you
So don't be afraid to let them show
Your true colors, true colors
True colors are shining through
I see your true colors
And that's why I love you
So don't be afraid to let them show
Your true colors
True colors are beautiful,
Like a rainbow


Por: Cyndi Lauper


Destempero do Contar


O tempo vai passar
E o melhor é esquecer
Vivo, pensar no agora
Pois melhor é nem contar

Se hoje fazem quatro
Amanhã fará mais um
Serão cinco, serão seis...
O que importa afinal?

Lembrar de um tempo
E comemorar os números?
Números que não quero
Que o tempo levará...

Faz lembrar do destempero
Marcas de um mal final
Do meu próprio descontento.


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Pensamento


"O medo de errar muitas vezes nos leva ao erro, e o desejo excessivo de acertar nos rouba a naturalidade: calamos quando seria melhor falar, falamos quando teria sido melhor dizer alguma coisa, qualquer coisa.

Mas nem sempre sabemos a hora, a palavra, a pessoa certa.

Assim como solidão não precisa significar isolamento, silêncio não precisa ser um corte: pode ser nossa melhor maneira de falar, naquele momento, com aquele interlocutor. Aí ele não compreende, e, mais uma vez, somos incomunicáveis.

Calar pode ser um bom exercício para nossa mente aflita de tantas informações, paralisada entre tantas escolhas, dilacerada em transformações vertiginosas como as deste tempo nosso."

domingo, 1 de novembro de 2009

Canção de Amor


Como hei-de segurar a minha alma
para que não toque na tua? Como hei-de
elevá-la acima de ti, até outras coisas?

Ah, como gostaria de levá-la
até um sítio perdido na escuridão
até um lugar estranho e silencioso
que não se agita, quando o teu coração treme.

Pois o que nos toca, a ti e a mim,
isso nos une, como um arco de violino
que de duas cordas solta uma só nota.

A que instrumento estamos atados?
E que violinista nos tem em suas mãos?

Oh, doce canção.


Por: Rainer Maria Rilke


sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Dias do Ventilador


Sem os sons dos tambores, mas, apenas, os grilos lá fora. A luz acesa, a janela aberta e o monótono som similar ao congelamento do tempo. Elementos simples e essenciais. Constituintes da estranha sensação da apatia. Como se tudo fosse inevitável e, ao mesmo tempo, indiferente ao corpo e à rotina da alma.

Somente o calor, inclausurado dentro da carne, evidenciando o abafamento da razão contínua... Esmaecendo, pouco a pouco, a inteligência vaga, e, enaltecendo os mais puros sentidos do etéreo. A vida que corre entre minhas veias burbulhando ao som do calor. Aquela temperatura mágica e distante... Entorpecente.

Lá fora, o amanhã - que não chegará cedo - desperta o desejo de acelerar os ponteiros do relógio que, inteminantemente, faz o conhecido tic-tac pra cá, tic-tac pra lá. A mesma de sempre, e vaga melodia melancólica, dos que aguardam, e, nada mais esperam. Sentidos contraditórios e ambulantes como seus senhores.

Sente-se, então, o silêncio imperial da noite sobre os jovens sonhadores. O rubor de suas faces suadas e exauridas. Escuta-se, por fim, - além daquela canção dos grilos - os batimentos cardíacos e, a também, de sempre, pulsante corrente sanguínia - vermelha e vívida! - A mesma que pulsa, pulsa, e pára, no mais absoluto suspense.

Ah, se não conhecêssemos bem essas noites! Em que o mais importante se desfaz com o simples ato de deitar-se de bruços. Onde é tudo tão minúsculo diante de nossos universos. Tão perecível! E nós, pequenos Deuses astrais, perdidos naquela hora em que o tempo dilata-se até parar de passar. Onde o amanhã torna-se mais distante do que a próxima estação...

Aqueles dias de verão!
Dias do ventilador e do lençol.
Da janela aberta para infância.
Do mais absoluto silêncio.
E das canções sussurradas, pouco a pouco, engasgadas...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Frase



"Se poetas fossem bem amados, bem entendidos,
não teriam ficado escondidos entrelinhas."


Por: Celso Andrade

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Recomeçar


Não importa onde você parou... Em que momento da vida você cansou... O que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar".

Recomeçar a dar uma nova chance a si mesmo... Renovar as esperanças na vida e o mais importante: acreditar em você de novo.

Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado... Chorou muito? Foi limpeza da alma... Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia... Acreditou que tudo estava perdido? Era o início da tua melhora... Pois... Agora é hora de reiniciar... De pensar na luz... De encontrar prazer nas coisas simples de novo.

Um novo curso... Ou aquele velho desejo de começar a pintar... Desenhar... Olha quanto desafio... Quanta coisa nova neste mundo de Deus te esperando. Tá se sentindo sozinho? Besteira... Tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento"... Tem tanta gente esperando apenas um sorriso teu para chegar perto de você.

Quando nos trancamos na tristeza... Nem nós mesmos nos suportamos... Ficamos horríveis... O mau humor vai comendo nosso fígado... Até a boca fica amarga.

Recomeçar... Hoje, um bom dia para começar novos desafios. Onde você quer chegar? Ir alto... Sonhe alto... Queira o melhor do melhor... Queira coisas boas para vida...

Pensando assim, trazemos para nós aquilo que desejamos... Se pensamos pequeno, coisas pequenas teremos, já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar na nossa vida.

É hoje o dia da faxina mental; Joga fora tudo que te prende ao passado, ao mundinho de coisas tristes; Fotos, peças de roupas, papel de bala, ingressos de cinema, bilhetes de viagens e toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados.

Jogue tudo fora; Mas principalmente... Esvazie seu coração; Fique pronto pra vida, para um novoamor.

Lembre-se, somos apaixonáveis, somos sempre capazes de amar muitas e muitas vezes... Afinal de contas...

Nós somos o "AMOR".


Fogo Selvagem e Ingênuo


Um fogo. Minha chama de vida. Meu amor. Queima e queima, quer se incendiar. E quer se mostar como é bonito fogo, como brilha... Ilumina, aquece e dança diante de seus olhos...
Enche o espaço vazio de fumaça. Deixa a razão embaçada, enfumaçada... Poluí a razão.
O homem encomodado joga líquidos. Atitudes. Diferentes líquidos, mas ainda assim liquidos. Atitudes diferentes, mas ainda assim atitudes.
Indiferença, o reverso do amor. Despreocupação com o fogo. Deixar queimá-lo sabendo que vai apagar...
Mas o homem não consegue fazer isso. O fogo é lindo! Desperdício de tamanha beleza... Quer ficar observando... Não. Ele está poluindo. Melhor parar.
Jogar líquidos impuros. O fogo busca compostos inflamáveis... Ele procura um composto que indique amor. Ele procura qualquer coisa que indique que se importam com ele. Ele se alimenta no Sarcasmo, ele se alimenta no Silêncio, ele se alimenta no Constrangimento... Porque não tem como aquilo ser totalmente água. Tem algo escondido no Sarcasmo, no silêncio e no constrangimento, entre tantos outros líquidos...
Água pura, cristalina, água impactante sobre o fogo... Cadê a pureza? Onde estão os sentimentos sinceros?
Chute a lenha. Chute a base, chute aquilo que sustenta o fogo... Deixe que ele se acabe... Você não tem coragem porque você é a base da qual meu fogo consegue tirar sustento...
Quando vocÊ faíscou, eu nasci.
Queimando e queimando... esperando por uma chuva que não vem... e me alimentando de suas atitudes impensadas...
E até agora não apagou. Não tornou-se cinzas...
Não morreu... E o fogo continua ardendo... Lindamente... ARDENDO!